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Fãs se mobilizam para fazer traduções amadoras de games

Jogadores dizem que trabalho é voluntário e que são contra distribuição de cópias ilegais

Site especializado registra 67 equipes em atividade no Brasil; pelo menos 1.200 jogos já foram traduzidos

CARLOS OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Bruno Gomes de Carvalho gostava tanto do jogo para computador "A Neighbour from Hell", de 2003, que quis apresentá-lo à sua irmã. Mas tinha um problema: o game é em inglês, idioma que ela não dominava. "Foi aí que tive a ideia de tentar editar os arquivos de texto e, por sorte, consegui", conta.

Bruno prosseguiu com a ideia e hoje, com 22 anos, é moderador de traduções em um portal especializado, reforçando um grupo apaixonado: o de jogadores que traduzem voluntariamente games para português brasileiro.

Assim como Bruno, João Paulo de Oliveira, 24, traduz games de forma voluntária, ressaltando "a prática de outros idiomas" como uma motivação -ele conta nunca ter feito curso de inglês ou espanhol. Quando surgem dúvidas de inglês, Oliveira recorre a dicionários on-line.

"Como é um trabalho voluntário, você faz nas horas livres", afirma.

Nenhum dos sete fãs brasileiros com quem a Folha conversou afirmou ganhar dinheiro com a iniciativa.

HISTÓRIA

A primeira tradução não oficial de um game conhecida foi lançada em 1993 para o japonês "SD Snatcher", de MSX 2, de 1990, vertido para inglês. Durante a década de 90, grupos internacionais começaram a passar para inglês jogos até então exclusivos do Japão, como "Final Fantasy 5", disponibilizando gratuitamente "patches" na rede.

Atualmente, o site Romhacking.net, um dos maiores portais especializados no assunto do mundo, contabiliza 945 "patches" em inglês para todos os sistemas.

Já o Portal Brasileiro de Romhacking e Emulação (romhackers.org), que centraliza grupos focados em traduzir games para português, indica o site Emurom, de 1998, como a primeira iniciativa em grupo no Brasil, que registra, atualmente, 67 equipes ativas e 119 inativas.

Com tantos grupos no país, não há números totais de projetos, mas é possível estimar ao menos 1.225 traduções.

O brgames.org, que disponibiliza "patches" de games para consoles de diversos sites, contabiliza 785, enquanto o portal do gamevicio.com, maior dos voltados para jogos de PC, tem 440, incluindo versões em português de Portugal.

A divisão entre games para console e para PC acontece porque as localizações para computador são aplicadas nos jogos já instalados -o que, a princípio, não envolveria baixar ou adquirir cópias ilegais.

"As traduções não são usadas como cópias ilegais de jogos. Quem usa pirataria faz cópia ilegal com ou sem tradução", afirma Jocimar Araujo, 43, do GameVício, que lucra com banners de publicidade.

Araujo conta que recebeu ameaças não identificadas quando encabeçou uma campanha para desestimular a venda de cópias ilegais de games com os "patches" do GameVício em sites particulares e de leilões.

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