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Fuga do Google Maps

Preço alto começa a espantar empresas que compram o maior serviço de mapas on-line do mundo

QUENTIN HARDY
DO “NEW YORK TIMES”, EM SAN FRANCISCO

Na hora de oferecer mapas on-line aos seus usuários, algumas empresas vêm abandonando o Google Maps e optando por territórios menos conhecidos.

Nos sete anos desde seu lançamento, o serviço de mapas viários, fotos via satélite e fotos de rua oferecido pelo Google conquistou o domínio no segmento de mapas on-line. De acordo com a comScore, 71% dos 91,7 milhões de pessoas que procuraram mapas on-line em fevereiro, nos Estados Unidos, recorreram ao Google Maps.

No entanto, existem sinais de que o domínio do Google esteja sofrendo ataque -e as atitudes da empresa podem ser parte da causa.

O Google já vinha cobrando de seus maiores usuários uma taxa de serviço que pode chegar às centenas de milhares de dólares anuais.

Mas, em outubro, a empresa anunciou que cobraria também de sites menores, cujos usuários gerassem, durante três meses, a média de 25 mil visitas diárias a mapas. Muitos sites independentes, dos quais o Google depende para a popularidade de seus produtos, se rebelaram diante da mudança.

"O Google afirma que a mudança afetará um número pequeno de usuários, mas ouvi dizer que afetará 30% ou 40% das pessoas que realmente dependem de mapas para seus negócios. O custo mensal pode ser de dezenas de milhares de dólares", disse James Fee, vice-presidente de divulgação da WeoGeo, empresa que oferece dados de localização.

MAPA COLABORATIVO

No final de fevereiro, o Foursquare, rede social com serviços de localização, anunciou que seu site deixaria de usar o Google Maps e o substituiria pelo OpenStreetMap, um serviço de mapas criados por usuários, montado e administrado da mesma maneira que a Wikipédia.

O Foursquare informou, por meio do blog da empresa, que o aumento de preços havia causado a mudança.

De acordo com a comScore, o OpenStreetMap tem tráfego minúsculo. O Google Maps recebeu 65 milhões de visitantes em fevereiro, 16% acima do total do período um ano antes. O MapQuest teve 35 milhões, queda de 13%. O Bing Maps, da Microsoft, ficou em terceiro, com 9 milhões de usuários, um avanço de 18%.

Ainda assim, o envolvimento de empresas como o Foursquare parece estar melhorando a qualidade do OpenStreetMap, porque os colaboradores do serviço ganharam ímpeto.

"Estamos conquistando muita atenção por isso", disse Steve Coast, fundador do OpenStreetMap, que disse que sua organização tinha 500 mil usuários registrados.

CONTRA-ATAQUE

O Google parece estar contra-atacando. Na semana passada, anunciou dois novos sites que encorajam criadores de aplicativos a utilizar seus mapas para serviços de localização.

Um dos sites oferece instruções de direção fáceis para chegar a um endereço, e o outro é uma galeria de coisas que as pessoas criaram usando o Google Maps.

O porta-voz do Google, Sean Carlson, afirmou por e-mail que a cobrança "tem por objetivo encorajar o uso responsável" dos dados cartográficos e acrescentou que o tráfego e o número de sites que usam o Google Maps continuam a crescer mesmo depois dos novos preços.

Com o crescimento no número de usuários da internet via aparelhos móveis, serviços de localização se tornaram essenciais para muitas das maiores empresas do setor. Em janeiro, 52 milhões de pessoas acessaram mapas com seus celulares inteligentes, 67% acima do total do período em 2011, de acordo com a comScore. O Google lidera, com fatia de 67%, mas o mercado ainda é jovem.

ALÉM DAS RUAS

O Google foi além das instruções de acesso para motoristas e começou a mapear o interior de aeroportos e shopping centers.

A Microsoft está criando mapas que informam a altura de edifícios e se as lojas do térreo têm filas longas, com base nos comentários de consumidores em redes sociais.

A Nokia, que em 2008 pagou US$ 8,1 bilhões pela companhia de mapas Navteq, está trabalhando em apps para celulares que usam mapas e informam a um passageiro a que horas precisa sair de casa para pegar seu trem.

A Apple fez diversas aquisições relacionadas a mapas, entre as quais a empresa Poly9, que produz um pequeno mas poderoso mapa 3D da Terra, e a C3, que permite buscas tridimensionais nas ruas de uma cidade. Outra aquisição da Apple, a Placebase, tem produtos que inserem dados de terceiros, como classificações de restaurantes, em um mapa.

A Apple ainda não combinou esses serviços em um produto único capaz de enfrentar os recursos do Google.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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