São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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Especialistas em música são o segredo do Pandora

Funcionários do serviço de recomendação passam o dia analisando canções

Rádio on-line, que só funciona nos EUA, está prestes a levantar US$ 100 milhões em oferta pública inicial de ações

RAFAEL CAPANEMA
DE SÃO PAULO

A celebrada rádio on-line Pandora (pandora.com, disponível só nos EUA), que recomenda novas músicas automaticamente com base em canções de que você já gosta, está prestes a levantar US$ 100 milhões em uma oferta pública inicial de ações.
Diante da "precisão brutal e clínica" com que o serviço é capaz de antever suas preferências musicais, Virginia Heffernan, colunista do "New York Times", diz ter se sentido como o gênio russo do xadrez Garry Kasparov ao ser derrotado, em 1997, por uma máquina (o supercomputador Deep Blue, da IBM).
"Perdi meu espírito de luta", afirmara ele, na época. "Kasparov descreveu o sentimento com exatidão. Uma exaustão espiritual surge quando algo que tradicionalmente é uma experiência com outra mente (um músico, um jogador de xadrez, um maestro, um DJ) se revela ser um encontro com uma máquina", escreveu Heffernan, em dezembro de 2010 (nyti.ms/pandnyt).
No entanto, assim como o Deep Blue se tornou imbatível no xadrez ao contar com um banco de dados de milhares de partidas disputadas entre seres humanos, a eficiência do Pandora é fruto do trabalho árduo e contínuo de especialistas de carne e osso.
Depois de enfrentarem um rigoroso processo seletivo que envolve, entre outras exigências, "descrever a linguagem harmônica" e "esboçar a progressão de acordes" de uma canção de jazz, os funcionários do Pandora passam o dia no escritório da empresa, em Oakland (Califórnia), analisando e categorizando dezenas de músicas de acordo com aspectos como melodia, harmonia, ritmo e instrumentação.
"É verdade que os algoritmos combinam canções matematicamente, mas tudo o que a matemática faz é traduzir algo que um ser humano está medindo", afirmou Tim Westergren, fundador do Pandora, à "Fast Company" (bit.ly/pandfc).
O Pandora teve lucro pela primeira vez em 2009, nove anos depois de sua fundação. Foram US$ 50 milhões, número que dobrou em 2010, segundo uma projeção da empresa de análise digital William Blair.
Com mais de 75 milhões de usuários, o serviço tem ganhado dinheiro principalmente por meio de parcerias com fabricantes de carros e sons automotivos.
Por conta de "restrições de licença", o Pandora só funciona nos EUA. Usuários brasileiros podem recorrer às ferramentas de recomendação musical -não tão precisos quanto o Pandora, infelizmente- do Grooveshark (grooveshark.com) e do Last.fm (lastfm.com.br).


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