São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2011

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Resultados de busca escondem trapaça

Saiba como o Google foi enganado para que uma loja de departamentos dos EUA aparecesse no topo das listas

Esquema conhecido como manobra do "chapéu preto" beneficiou a empresa JCPenney


DAVID SEGAL
DO "NEW YORK TIMES"

Imagine que você é o mecanismo de busca do Google. Alguém digita "vestidos" e clica em Pesquisar. Qual será o primeiro resultado? Há muitas possibilidades, como grandes lojas ou um texto da Wikipédia. Nos últimos meses, porém, um nome tem aparecido com uma regularidade incrível, sempre em primeiro lugar: JCPenney, cadeia norte-americana de lojas de departamento que faturou US$ 17,8 bilhões (R$ 29,7 bi) no ano passado.
Durante meses, ela esteve sempre no topo ou próxima dele nos resultados das pesquisas para "jeans skinny", "decoração", "acolchoado" e dezenas de outras palavras e frases genéricas ("tolhas de mesa") ou superespecíficas ("cortinas com ilhós").
A JCPenney chegou a superar os sites de fabricantes em pesquisas por seus produtos. Você digitava "bagagem de mão Samsonite", por exemplo, e a JCPenney, durante meses, ficou em primeiro lugar na lista, na frente do site Samsonite.com.
Com mais de 1.100 lojas, a JCPenney é certamente importante no varejo norte-americano. Mas o objetivo declarado do Google é vasculhar a internet e encontrar os sites mais importantes e relevantes para o usuário.

"CHAPÉU PRETO"
O "New York Times" pediu a um especialista em pesquisa on-line, Doug Pierce, analista da Fountain Media em Nova York, para estudar o caso. O que ele encontrou sugere que o ato mais mundano da era digital, a busca no Google, muitas vezes representa a sobreposição de camadas e mais camadas de intriga. E a intriga começa no mundo subterrâneo do "chapéu preto" ("black hat", em inglês), a arte sombria de elevar o perfil de um site por meio de métodos que o Google considera trapaça.
A prática não é ilegal, mas adotá-la é correr o risco de atrair a ira do Google. A empresa define uma linha bem clara entre as técnicas que considera enganosas e as abordagens "chapéu branco", que são formas legítimas de aumentar a visibilidade de um site. Os resultados da JCPenney foram obtidos a partir de métodos considerados incorretos, diz Pierce.
Para entender a estratégia que manteve a JCPenney na pole position por tanto tempo, é preciso saber como os sites chegam ao topo dos resultados do Google. Ao gerar resultados orgânicos -sem contar os links patrocinados-, o algoritmo do Google leva em consideração dezenas de critérios, muitos dos quais a empresa não revela.

LINKS PAGOS
Mas há um fator crucial divulgado em detalhe: links de um site para outro.
Se você é proprietário de um site, por exemplo, sobre culinária chinesa, o ranking desse site no Google irá melhorar se outros sites tiverem um link para ele. Quanto mais links para o seu site, especialmente os vindos de outros sites de culinária chinesa, melhor será o seu ranking. De certa forma, o que o Google está medindo é a popularidade do seu site por meio da análise de fãs de culinária chinesa e contando os links para o seu site como um voto de aprovação.
Mesmo links que não tenham nada a ver com culinária chinesa podem reforçar o seu perfil se o seu site tiver bastante deles. E é aqui que entra a estratégia usada pela JCPenney. Alguém pagou para colocar, em centenas de sites espalhados pela internet, milhares de links que levam diretamente ao endereço JCPenney.com.


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