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Diretrizes da Apple são questionadas
Tabloide alemão foi obrigado a cobrir seios de modelos para ter aplicativo aprovado na loja virtual App Store
Em fevereiro, empresa apagou 5.000 programas com conteúdo sexual; revista apelida versão para iPad de "edição Irã"
RAFAEL CAPANEMA
DE SÃO PAULO
Para despir as moças que
figuram no tabloide alemão
"Bild", basta baixar o aplicativo do jornal para iPhone e
chacoalhar o aparelho.
Mas o programa só foi
aceito na loja virtual App Store depois de a Apple ordenar
à "Bild" que cobrisse suas
modelos com biquínis.
Os seios, que desfilam
completamente nus na versão em papel do tabloide,
também têm que ser cobertos
digitalmente na versão do
programa para iPhone.
"Hoje são seios nus [que a
Apple censura]. Amanhã, pode ser conteúdo editorial",
escreveu em fevereiro Donata Hopfen, diretora do departamento de mídia digital do
"Bild", à federação de editores de jornais alemães.
Em janeiro, outra publicação alemã, a revista "Stern",
teve seu aplicativo removido
porque vinha com uma galeria de imagens eróticas.
Os conflitos da "Bild" e da
"Stern" com a Apple não são
um caso isolado. Pelo contrário: a empresa parece obcecada em suprimir mamilos
do iPhone e do iPad.
Segundo o site Shiny
Shiny, a versão da revista de
moda "Dazed & Confused"
para iPad ganhou internamente o apelido "edição Irã",
de acordo com uma pessoa
envolvida em sua criação.
Já o programa para leitura
de livros eletrônicos Eucalyptus foi impedido de entrar na App Store em maio de
2009 porque poderia permitir o acesso ao "Kama Sutra".
Em fevereiro deste ano, a
Apple extirpou de uma só vez
5.000 programas com conteúdo supostamente sexual
da App Store. À época, Philip
Schiller, vice-presidente de
marketing de produtos da
empresa, afirmou que a decisão foi tomada depois de reclamações de consumidores.
Em abril, o executivo-chefe da Apple, Steve Jobs, disse
por e-mail a um cliente que a
empresa tem a "responsabilidade moral de manter pornografia longe do iPhone".
"As pessoas que quiserem
pornografia podem comprar
um telefone com Android
[sistema operacional móvel
do Google]", escreveu Jobs.
MONOPÓLIO
Observando que a plataforma de aplicativos móveis
da Apple é a maior do mundo, Jesus Diaz, do site de tecnologia Gizmodo, questiona:
"Será que isso não pode ser
considerado um abuso de
quase-monopólio?".
"Se as coisas ficarem piores, espero que os advogados
da União Europeia e de alguma comissão do Senado dos
EUA nos deem uma resposta", conclui Diaz.
PROTESTO Para criticar as políticas antipornografia da Apple, o artista alemão Johannes P. Osterhoff colou imagens explícitas sobre um anúncio do iPad no metrô de Berlim; para ele, o tablet é "perfeito para espectadores de pornografia" (bit.ly/ffporn)
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