São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2010

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Diretrizes da Apple são questionadas

Tabloide alemão foi obrigado a cobrir seios de modelos para ter aplicativo aprovado na loja virtual App Store

Em fevereiro, empresa apagou 5.000 programas com conteúdo sexual; revista apelida versão para iPad de "edição Irã"

RAFAEL CAPANEMA
DE SÃO PAULO

Para despir as moças que figuram no tabloide alemão "Bild", basta baixar o aplicativo do jornal para iPhone e chacoalhar o aparelho.
Mas o programa só foi aceito na loja virtual App Store depois de a Apple ordenar à "Bild" que cobrisse suas modelos com biquínis.
Os seios, que desfilam completamente nus na versão em papel do tabloide, também têm que ser cobertos digitalmente na versão do programa para iPhone.
"Hoje são seios nus [que a Apple censura]. Amanhã, pode ser conteúdo editorial", escreveu em fevereiro Donata Hopfen, diretora do departamento de mídia digital do "Bild", à federação de editores de jornais alemães.
Em janeiro, outra publicação alemã, a revista "Stern", teve seu aplicativo removido porque vinha com uma galeria de imagens eróticas.
Os conflitos da "Bild" e da "Stern" com a Apple não são um caso isolado. Pelo contrário: a empresa parece obcecada em suprimir mamilos do iPhone e do iPad.
Segundo o site Shiny Shiny, a versão da revista de moda "Dazed & Confused" para iPad ganhou internamente o apelido "edição Irã", de acordo com uma pessoa envolvida em sua criação.
Já o programa para leitura de livros eletrônicos Eucalyptus foi impedido de entrar na App Store em maio de 2009 porque poderia permitir o acesso ao "Kama Sutra".
Em fevereiro deste ano, a Apple extirpou de uma só vez 5.000 programas com conteúdo supostamente sexual da App Store. À época, Philip Schiller, vice-presidente de marketing de produtos da empresa, afirmou que a decisão foi tomada depois de reclamações de consumidores.
Em abril, o executivo-chefe da Apple, Steve Jobs, disse por e-mail a um cliente que a empresa tem a "responsabilidade moral de manter pornografia longe do iPhone".
"As pessoas que quiserem pornografia podem comprar um telefone com Android [sistema operacional móvel do Google]", escreveu Jobs.

MONOPÓLIO
Observando que a plataforma de aplicativos móveis da Apple é a maior do mundo, Jesus Diaz, do site de tecnologia Gizmodo, questiona: "Será que isso não pode ser considerado um abuso de quase-monopólio?".
"Se as coisas ficarem piores, espero que os advogados da União Europeia e de alguma comissão do Senado dos EUA nos deem uma resposta", conclui Diaz.

PROTESTO Para criticar as políticas antipornografia da Apple, o artista alemão Johannes P. Osterhoff colou imagens explícitas sobre um anúncio do iPad no metrô de Berlim; para ele, o tablet é "perfeito para espectadores de pornografia" (bit.ly/ffporn)


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