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Fragmentação assombra o Android
Muitos dos celulares com o sistema à venda hoje vêm com versões defasadas, sem os recursos mais modernos
Steve Jobs usa problema como mote para criticar Google, que prefere usar a palavra "legado" para definir essa situação
RAFAEL CAPANEMA
DE SÃO PAULO
Se você comprar hoje um
celular novinho com Android, é bastante provável
que ele já esteja defasado
-ou seja, com uma versão
antiga do sistema operacional móvel do Google.
Pior: talvez não haja perspectiva nenhuma de atualização para uma versão mais
nova, que traria melhorias na
velocidade do seu aparelho e
lhe permitiria instalar programas mais modernos.
Esse problema do Android
é conhecido como fragmentação, embora Andy Rubin,
engenheiro do Google e líder
de desenvolvimento do Android, tenha uma "palavra
melhor" para isso: "legado",
como disse em maio deste
ano, durante uma conferência para desenvolvedores
nos EUA.
A gênese do problema está
no fato de o Android ser adotado por vários fabricantes e
operadoras, que podem modificar o sistema com grande
liberdade. Isso torna uma
eventual atualização do sistema de um aparelho mais
complexa, lenta ou mesmo
improvável.
Se você somar a isso o inevitável ciclo de obsolescência no mundo da tecnologia
-afinal, os fabricantes preferem que você compre um celular novo em vez de atualizar o sistema de seu aparelho
atual-, chegará à desoladora constatação de que seu telefone com Android pode estar condenado eternamente
a permanecer com a versão
antiga com a qual nasceu.
Sempre disposto a espinafrar a concorrência, Steve
Jobs, fundador da Apple,
afirmou que é falaciosa a recorrente comparação entre o
caráter aberto do Android e a
natureza fechada do iPhone.
"O Android é muito fragmentado. São muitos fabricantes, que instalam interfaces de usuário proprietárias,
e os usuários têm que se virar", afirmou ele em 18 de outubro, durante a apresentação de resultados financeiros
da Apple. "Compare isso ao
[ecossistema do] iPhone, em
que todos os aparelhos funcionam do mesmo jeito".
A Motorola, que oferece
uma vasta gama de aparelhos com Android no Brasil
-alguns deles com versões
antigas-, minimiza o problema da fragmentação.
Segundo Rodrigo Vidigal,
diretor de marketing da empresa no país, apenas 10%
dos usuários do celular Milestone no Brasil atualizaram
o sistema do aparelho da versão 2.0 para a 2.1. "E a concorrência até hoje não se posicionou se vai conseguir fazer upgrade para o 2.2 [versão
mais recente], como a Motorola", afirma Vidigal.
A HTC, que também ostenta uma cartilha robusta de
aparelhos com o sistema do
Google nos EUA e na Europa,
vende no Brasil apenas um
aparelho com Android, o Magic, que vem com a versão
1.5, lançada no longínquo
mês de abril de 2009.
A empresa foi procurada
pela Folha para comentar essa situação, mas afirmou que
nenhum de seus executivos
estaria disponível para entrevista até a conclusão desta
edição.
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