São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010

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Arte eletrônica mapeia ondas sonoras

Instalação mostrada em festival realizado na Bahia busca também captar as emissões magnéticas das pessoas

Mote do arte.mov é a reconfiguração do espaço urbano a partir dos dispositivos móveis de comunicação

MARINA LANG
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

Anote aí: a sua felicidade pode ser mapeada, impressa no papel e tem 6,8 mW (miliWatts, campo magnético usado na radiação). É possível quantificar isso em uma das instalações do arte.mov, festival de arte digital organizado pela Vivo que foi realizado em Salvador na semana passada, e cujo mote é a reconfiguração do espaço urbano a partir dos dispositivos móveis, como celulares e aparelhos GPS.
Para obter o efeito desejado em "Devorondina", muitos artefatos tecnológicos: três sensores para medição de ondas de rádio, eletromagnéticas e sonoras.
Um software mapeia os dados dos sensores e os envia a um sistema de processamento; uma impressora, um monitor, um fone de ouvido e um carrinho de café que completam a instalação digital. O resultado é uma engenhoca móvel com LEDs e ondas desenhadas no computador, que passeou pelo bairro Rio Vermelho, na capital baiana. E despertou a atenção dos transeuntes.

EXPANDIR OS SENTIDOS
"Várias pessoas ficaram interessadas e começaram a refletir sobre os diferentes tipos de onda a que estão expostos", disse o produtor artístico Manuel Andrade. O cineasta e programador Bruno Vianna, a designer sonora Vanessa De Michelis e o programador Felipe Turcheti são coautores do trabalho.
A obra é baseada no livro "Eupalinos ou o Arquiteto", de Paul Valéry, em que o protagonista, cego, tem ouvidos tão poderosos que são capazes de "devorar" ondas, ventos e monstros.
"A ideia é usar a tecnologia para expandir os sentidos e perceber ao que estamos expostos de maneira invisível [as ondas sonoras e eletromagnéticas, no caso]", explica Andrade. "E dar um direito de escolha para um lugar mais tranquilo, com baixa intensidade de ruído."
"Sempre tive a curiosidade de "ver" o som, a intensidade da onda sonora sempre me atraiu muito", contou Vanessa. "Acho que a obra se coloca a partir disso."
E quanto à medição de felicidade? Andrade ri. "São meus estudos. Descobri isso em pesquisas. Aparelhos eletrônicos têm emissão de 50 Hz, em média. Celulares, milhares. A obra consegue captar transmissões humanas porque somos emissores e receptores de ondas", explica.
"Hoje [sexta passada] estava apreciando a obra e consegui medir a emissão do meu corpo. Eram 6,8 mW."


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