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Arte eletrônica mapeia ondas sonoras
Instalação mostrada em festival realizado na Bahia busca também captar as emissões magnéticas das pessoas
Mote do arte.mov é
a reconfiguração do espaço urbano a partir dos dispositivos móveis de comunicação
MARINA LANG
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
Anote aí: a sua felicidade
pode ser mapeada, impressa
no papel e tem 6,8 mW (miliWatts, campo magnético
usado na radiação).
É possível quantificar isso
em uma das instalações do
arte.mov, festival de arte digital organizado pela Vivo
que foi realizado em Salvador na semana passada, e cujo mote é a reconfiguração do
espaço urbano a partir dos
dispositivos móveis, como
celulares e aparelhos GPS.
Para obter o efeito desejado em "Devorondina", muitos artefatos tecnológicos:
três sensores para medição
de ondas de rádio, eletromagnéticas e sonoras.
Um software mapeia os
dados dos sensores e os envia a um sistema de processamento; uma impressora,
um monitor, um fone de ouvido e um carrinho de café
que completam a instalação
digital. O resultado é uma engenhoca móvel com LEDs e
ondas desenhadas no computador, que passeou pelo
bairro Rio Vermelho, na capital baiana. E despertou a
atenção dos transeuntes.
EXPANDIR OS SENTIDOS
"Várias pessoas ficaram
interessadas e começaram a
refletir sobre os diferentes tipos de onda a que estão expostos", disse o produtor artístico Manuel Andrade. O cineasta e programador Bruno
Vianna, a designer sonora
Vanessa De Michelis e o programador Felipe Turcheti
são coautores do trabalho.
A obra é baseada no livro
"Eupalinos ou o Arquiteto",
de Paul Valéry, em que o protagonista, cego, tem ouvidos
tão poderosos que são capazes de "devorar" ondas, ventos e monstros.
"A ideia é usar a tecnologia para expandir os sentidos
e perceber ao que estamos
expostos de maneira invisível [as ondas sonoras e eletromagnéticas, no caso]", explica Andrade. "E dar um direito de escolha para um lugar mais tranquilo, com baixa intensidade de ruído."
"Sempre tive a curiosidade de "ver" o som, a intensidade da onda sonora sempre
me atraiu muito", contou Vanessa. "Acho que a obra se
coloca a partir disso."
E quanto à medição de felicidade? Andrade ri. "São
meus estudos. Descobri isso
em pesquisas. Aparelhos eletrônicos têm emissão de 50
Hz, em média. Celulares, milhares. A obra consegue captar transmissões humanas
porque somos emissores e receptores de ondas", explica.
"Hoje [sexta passada] estava
apreciando a obra e consegui
medir a emissão do meu corpo. Eram 6,8 mW."
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