São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010 |
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Produção tradicional está estagnada, diz artista digital Britânico Mark Garret Furtherfield afirma que "é possível fazer construções colaborativas. A arte não é mais para privilegiados"
No ano em que a Bienal de
São Paulo fecha os olhos para a arte digital em plena sociedade 2.0, o artista e ativista Mark Garret Furtherfield, 46, tido como um ícone do segmento em Londres, afirma que há estagnação nas
formas tradicionais da arte. Folha - Como você avalia o contexto da arte digital na Europa e em Londres? Mark Garret Furtherfield - Na Europa, o mundo da arte tradicional está caminhando preguiçosamente. Ao fim, eles estão acompanhando esse movimento amplo, que está se engajando de maneiras novas e maravilhosas para criar complexidades. A arte não precisa mais ser um objeto singular. Ela agora é algo relacional -seja pelo uso das redes, conceitos de ativismo cultural, seja pelas metodologias engajadas como parte do processo. Muito da arte que utiliza tecnologia parece estar explorando uma pluralidade de ideias em vez de uma só. Então, mais artistas tradicionais, curadores e "colunistas ou jornalistas" de arte na imprensa do Reino Unido estão tendo problemas em encontrar termos para isso. Eu, claro, não sei se esse cenário é o mesmo no Brasil. Outra coisa importante que acontece é que, desde a internet, artistas formam comunidades que estão mais prevalentes, e se expandindo organicamente pelos anos. Isso tem uma grande influência na arte mainstream e cultura geral, pois estudantes estão descobrindo por si mesmos o que realmente está acontecendo "lá fora". Um tema importante é que professores estão muito vagarosos em educar seus alunos sobre o quanto essa arte está conectada à internet. Qual é o benefício principal na intersecção de arte com tecnologia? Um dos principais benefícios é que, se você não se insere no critério tradicional e formador de opinião da arte, de qualquer organização hegemônica e demandas de curadores, você pode encontrar alternativas. Construir relações colaborativas para discutir e fazer arte juntos. Isso é provavelmente um dos aspectos mais revolucionários a respeito da transformação no mundo da arte. A arte não é mais só para os privilegiados. Há algum trabalho seu em arte digital vinculado à crise econômica pela qual a Europa passa? Um projeto é o "The Zero Dollar Laptop Project". Ele tem foco na mudança da forma de pensar sobre a tecnologia. Workshops estão sendo realizadas em Londres desde janeiro de 2010 com clientes da Caridade St. Mungo's para moradores de rua. Estamos reciclando computadores, tirando o Windows e instalando sistemas operacionais gratuitos e Open Source para construir laptops de mídia e criar música, gráficos e vídeos para distribuição na internet. Os participantes vão sair com conhecimento técnico e um "laptop de mídia", com Wi-Fi, mais elegante que qualquer tablet fininho e brilhante. As pessoas nos mandaram seus laptops antigos e nós instalamos neles o sistema operacional Linux. Ao final dos worshops de oito e 12 semanas, os "clientes" podem sair com tecnologia grátis e para as quais eles nunca precisarão pagar por uma atualização.
Você é um grande fã de música. Qual a relação entre ela e o
seu trabalho?
Eu sou influenciado por
coletivos punks e grupos eletrônicos antigos.
Muitos tinham suas próprias gravadoras e selos e vieram de culturas locais e tradicionais -eu acho que a arte
que explora comportamentos similares vai oferecer trabalho crítico e um diálogo dinâmico e desafiador como
parte da arte, que é uma autenticidade que falta no
mundo da arte tradicional. A jornalista MARINA LANG viajou a convite da Vivo Texto Anterior: Arte eletrônica mapeia ondas sonoras Próximo Texto: Contra-ataque pornô Índice | Comunicar Erros |
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