São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010

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#PRONTOFALEI

LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br

Mobilidade, redefinida

EM UMA ÉPOCA remota que ainda se podia colocar "revolução" e "informática" na mesma frase sem dar a ela um tom de ironia, Bill Gates sonhava com um futuro razoavelmente próximo, em que cada um tivesse à disposição um computador pessoal -PC, para os íntimos. Poucos o levaram a sério, muitos acharam que isso era exagero, discurso de vendas. Mas como ele era o homem mais rico do mundo na época, quase ninguém o questionou.
O mesmo Gates não demorou para reconhecer que estava errado. Suas previsões eram tímidas. Em sua defesa, argumentou que há uma tendência a superestimar o que vai acontecer em dois anos enquanto se subestima o que pode surgir em uma década.
É natural. Tudo de novo que está próximo apaixona por seu potencial. Os primeiros dias em um emprego, em uma cidade, em um namoro ou com uma tecnologia são mais fascinantes pela novidade do que por uma análise racional. À medida que a relação se desenvolve, surge uma melhor compreensão de capacidades e limitações.
Desde o surgimento do SMS, a indústria de telefonia defende que o futuro está na mobilidade, e que ele estaria próximo. O problema é que a internet via celulares era uma bolha dentro da bolha, difícil de explicar ou de defender, e tecnologias emergentes eram lerdas, complexas e caras. É a maldição dos dois anos.
Entre todos os empecilhos a uma verdadeira mobilidade, o maior sempre foi o aparelho. Notebooks eram pesados demais, quentes demais, nerds demais. E sua bateria não durava nada. Já smartphones eram lerdos demais, complicados demais, pequenos demais. E sua bateria não era muito melhor. Os netbooks, intermediários, reuniam o que as duas tecnologias tinham de pior.
Então surge o livro de Jobs: o iPad. Como o iPhone (que se tornou a maior plataforma de games portáteis e superou com folga o PlayStation Portable e o Nintendo DS), ele não é um livro. Não é um porta-retratos. Não é um game. Não é um computador. Acima de tudo, não é um tablet PC. Ele é uma nova experiência, e como toda experiência nova, deixa todos fascinados. Resta saber se o fascínio durará.
Uma coisa é certa: ele é uma nova categoria de equipamento, mais um chip pessoal e portátil. Segundo a Anatel, já há mais celulares do que gente no Brasil. Será essa a bênção dos dez anos para a mobilidade?


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