BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Depois de ferir de morte os CDs, a música digital caminha para mais um estágio em sua evolução: a nuvem.
Para o fã, isso significa que o último vestígio físico da música, um arquivo gravado no disco rígido, deixará de existir. As coleções de canções deixam de tomar espaço nas máquinas das pessoas ao mudar para as fazendas de supercomputadores controladas por empresas.
Assim, baixar música começa a dar lugar ao streaming, a transmissão em tempo real de um arquivo.
Claro, sites de streaming não são tão novos assim, mas, finalmente, eles vêm ganhando mais carinho dos fãs de música.
Pesquisas publicadas desde o ano passado mostram que a preferência pelo streaming está crescendo. A última delas, feita na Noruega pela Norstat, diz que 54% dos participantes deixaram de baixar música ilegalmente para usar sites de streaming.
Aram Sinnreich, autor do livro "Mashed Up: Music, Technology, and the Rise of the Configurable Culture" (Misturado: música, tecnologia e o crescimento da cultura configurável, em tradução livre), disse à Folha: "A longo prazo, o streaming vai substituir o download, porque as pessoas perceberão o valor em poder acessar suas coleções de qualquer lugar".
Além de eliminar a necessidade de armazenamento, sites de streaming, como Pandora e Last.fm, são boas ferramentas para conhecer músicas novas e têm aura de rede social. Compartilhar fica mais fácil e rápido.
Reforçam esses serviços os sites de vídeos, como o YouTube e o Vímeo, que recebem visitas de muitos usuários interessados apenas em escutar música.
Ao divulgar que no primeiro semestre deste ano as vendas de música digital nos EUA travaram, a Nielsen destacou a popularidade dos sites de vídeos.
Mas Sinnreich lembra que da mesma forma que o e-mail não matou as cartas, o streaming não matará o download. "Para algumas coisas, ele terá o seu valor", diz.


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