|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
#PRONTOFALEI
LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br
Adeus, mundo cruel
AS CONSTANTES PRESSÕES
e mudanças da sociedade
contemporânea fazem com
que muitos se questionem até
que ponto serão capazes de aguentar. Pouco importa.
Surda a qualquer apelo, a
evolução tecnológica continua a progredir em um ritmo
exponencial, transformando
as formas de pensar, comunicar e interagir em uma velocidade sem precedentes.
Mas a capacidade de
adaptação humana começa
a dar sinais de esgotamento.
Já faz algum tempo, por
exemplo, que a depressão se
tornou uma pandemia no
mundo ocidental. O número
de casos diagnosticados vem
crescendo em todas as faixas
etárias, e são poucos os especialistas que duvidam que ela
se torne uma das maiores
doenças do mundo.
É assustador o Admirável
Mundo Novo. Intimidados
com a violência mostrada pela mídia e amplificada pelo
fetiche masoquista da internet, muitos acreditam que a
realidade é muito mais selvagem do que, de fato, é. O estresse cotidiano, o trabalho
sem sentido e a infraestrutura
precária das grandes cidades
só reforçam esse quadro.
Os valores de uma cultura
são definidos por quem conta
suas histórias. Antigamente
essa função era dividida entre o Estado, a Igreja, a Família e a Escola. A falência progressiva dessas instituições
que, pragmáticas, se rendem
aos desejos de consumo de
seus membros, faz com que
boa parte dos ideais seja hoje
definida por grandes corporações, mais preocupadas
em vender coisas do que em
criar relações.
À medida que boa parte da
interação social pode ser feita
sem contato físico, a paranoia e a frustração com o estado das coisas criam em
muitos um desejo de isolamento e de controle das relações sem precedentes, com
resultados assustadores. Até
a publicidade, que sempre explorou consumidores intimidados e desprotegidos, parece perdida em um ambiente
social cada vez mais infantilizado, mimado e dependente.
Quando um indivíduo fragilizado a esse ponto é contrariado, ele se fecha para o
mundo. No Japão, os reclusos
são tantos que têm até nome:
são os Hikikomori, confinados por si próprios a um regime de isolamento de impressionar presidiários. Alguns
fugiram de escolas rígidas;
outros se frustraram com um
trabalho sem horizontes; outros se desiludiram com amigos ou amores. Praticamente
nenhum deles teve disposição
para enfrentar a situação.
Texto Anterior: Nintendo 3DS já tem data para chegar ao mercado Próximo Texto: Games Índice | Comunicar Erros
|