São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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"O uso delas está definindo uma parte da internet", diz Juhasz

DE SÃO PAULO

Alexandra Juhasz não é uma acadêmica tradicional. O fato fica evidente com o novo lançamento da pesquisadora: um videolivro, gratuito, sobre o YouTube (bit.ly/alexjuhasz). Um trabalho em que o site de vídeos é o assunto, a forma, o método, o problema e a solução.
Autora de artigos sobre feminismo, ela dá deu aulas em instituições como a Universidade de Nova York e o Pitzer College. Trabalhando com tecnologia, ela diz que as mulheres vieram mais lentamente para o digital, mas os números só crescem. A pesquisadora diz que o uso que elas fazem da internet está redefinindo algumas das experiências on-line.
Confira trechos da conversa com Juhasz.(AD)

 

Folha - Como surgiu esse projeto sobre o YouTube?
Alexandra Juhasz
- Em 2007, eu estava bem curiosa para entender o YouTube. Era um fenômeno novo, e o que eu via era ridiculamente engraçado e esquecível, ao mesmo tempo. Eram vídeos sobre os quais eu não me importava em pensar sobre. Então, ensinei uma classe sobre o YouTube e pelo YouTube.
Quando comecei a dar aula sobre o site, eu também queria que aquela crítica ficasse dentro do YouTube, o espaço sobre o qual eu estava pensando. Para entender um fenômeno contemporâneo, queria fazer isso lá, na internet e com novas linguagens.

Por que o YouTube?
Sou professora de filmes e estudei o ativismo audiovisual por toda a minha carreira. Sempre me interessei pelos meios com os quais as pessoas usam vídeos, mas quando escrevo sobre o YouTube, também estou falando sobre experiências mais gerais da internet. Fomos ensinados que ele é democrático, mas não é. Nem todos têm acesso a esse tipo de tecnologia. Mesmo se você tem acesso, o YouTube é um ambiente on-line que não permite, por exemplo, o bate-papo. São decisões feitas para estruturar a experiência.

Você vê poucas pesquisadoras mulheres em tecnologia?
Acho que as mulheres vieram mais lentamente para a tecnologia do que os homens, por causa de estruturas velhas e sexistas. Mas o fato é que os números de usuárias de internet estão crescendo. As mulheres estão definindo algumas dessas experiências on-line com o seu uso. Essa ausência [de pesquisadoras] é um entendimento antiquado da coisa. Comecei a estudar o YouTube por causa das questões que sempre foram importantes. Não queria estudar a tecnologia, queria estudar seres humanos criando. Entender a tecnologia é entender a existência humana.


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