São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2011

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Caravana hacker cobra transparência

Jovens pretendem comprar um ônibus e viajar pelo país para pressionar políticos por ações de abertura

Grupo clona sites do governo com o objetivo de tornar acessíveis informações de interesse público

CARLOS MINUANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Comprar um ônibus para cair na estrada com a turma toda pode parecer uma ideia um tanto hippie e ultrapassada, mas é exatamente essa a proposta da comunidade Transparência Hacker.
Não há nada de velho nas ações do grupo de jovens ativistas. Em caravanas pelo país, os jovens hackers querem pressionar políticos com ações de transparência, abertura e participação política.
Desde 2009, eles usam a rede e as tecnologias digitais para colocar em prática um novo tipo de ação política, bem mais direta e participativa.
"E sem precisar passar pelos velhos ritos de intermediação de gravata, terno e Brasília", completa Pedro Markun, um dos coordenadores do bando.
Em resumo, a turma do Transparência Hacker clona sites do governo com o objetivo de tornar acessíveis informações de interesse público, que muitas vezes permanecem ocultas nos sites oficiais.

HACKERS DO BEM
Para facilitar e ampliar o alcance das ações, os paladinos dos dados abertos --ou "hackers do bem", como ficaram conhecidos-- decidiram comprar um ônibus para viajar o país no melhor estilo beatnik.
A ideia teve dois momentos embrionários. Há alguns meses, eles quase emplacaram um projeto chamado Invasões Hacker em um edital da ONU, no qual já flertavam com a compra de um ônibus. Não foi dessa vez.
Pouco depois, ainda não conformados, fizeram por acaso uma viagem de ônibus, no último mês de maio, ao Consegi (Congresso Internacional de Software Livre e Governo Eletrônico), realizado em Brasília. Foi então que surgiu a grande ideia: conseguir os recursos e comprar o sonhado veículo.
A experiência também serviu pra mostrar como será o trabalho em um ônibus. "Teve muita conversa, esboço de projetos, enfim, um clima gostoso de colaboração", conta outro integrante da comunidade, Diego Casaes.

PARAFERNÁLIA
O grupo tem GPS ligado no Open Street Maps para mapear os caminhos e roteador 3G com modems de várias operadoras para garantir o sinal.Até uma mesa de trabalho já apareceu nos planos.
Chegaram a pensar numa Kombi, mas logo perceberam que não seria suficiente. "Somos muitos", constata Daniela Silva, outra coordenadora da comunidade hacker.
Segundo ela, aproximadamente 578 membros participam de uma lista da comunidade na internet.
Sem sucesso no edital americano, decidiram buscar os recursos para o ônibus hacker por meios mais adequados ao estilo visionário do bando. A saída encontrada foi o Catarse (catarse.me), plataforma on-line de financiamento colaborativo.
"Ele (o ônibus) será nosso espaço de trabalho nas cidades pra onde formos. Dá para facilmente estacionar o ônibus, montar uma tenda e uma tela com projetor e ali mesmo começar a articulação política, montar uma escola hacker, oficinas de robótica e cinema livre e outras pirações", diz Daniela. O sonho está perto de se realizar --já estão até escolhendo o modelo, mas ainda falta um tanto.
Até a conclusão desta edição, 58 pessoas haviam investido R$ 6.190 no ônibus hacker. De acordo com as regras da plataforma, o grupo precisa atingir a meta de R$ 40 mil em pouco mais de um mês.
Quem quiser colaborar ou saber mais sobre o projeto pode acessar catarse.me/pt/projects/167-onibus-hacker.


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