São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2011

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Publishers e rede social contornam regras draconianas

'Financial Times', 'Playboy' e Facebook investem em aplicativos na web para driblar as restrições da Apple

Empresa enfrenta cabo de guerra com provedores de conteúdo e analista diz que companhia 'exagerou'

NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

Semana que vem, no dia 30, entram em vigor as regras da Apple para vender apps no iTunes Store. Anunciadas em fevereiro, são vistas como draconianas por publishers e redes sociais e levantaram questionamento até dos reguladores antitruste dos EUA.
Nas duas últimas semanas, a Apple passou a enfrentar um cabo de guerra com os provedores de conteúdo.
A Apple "exagerou", diz o analista James McQuivey, da Forrester Research. Suas regras preveem uma taxa de 30% a ser paga à empresa. Ele avalia que até 5% seriam aceitáveis, pois "oferece acesso a consumidores e merece taxa por facilitação", mas 30% "mata" o provedor.
O analista sugeriu que as regras levariam os publishers a desenvolver aplicativos fora da Apple, a serem acessados pela internet. Foi o que fez o "Financial Times", que anunciou há uma semana o apps.ft.com, em HTML5.
Pode assim, como divulgou o próprio "FT", "contornar o iTunes Store, da Apple, o Android Market, do Google, e outros distribuidores para assegurar uma relação direta com seus leitores".
No mesmo dia, em "coincidência" ironizada por McQuivey, a Apple desistiu de parte das regras anunciadas em fevereiro. Reduziu o controle sobre o acesso a conteúdo pago fora do iTunes Store e liberou os publishers a cobrar o que quiserem, tanto fora como dentro do aplicativo --a restrição era o maior risco que corria, de uma intervenção antitruste.

CAMINHO ABERTO
Para Nick Thomas, também analista da Forrester, a ação do "FT" indica que outros grandes publishers devem seguir o caminho aberto e desenvolver aplicativos em HTML5, apesar do recuo da Apple. "A Apple ainda não satisfez as preocupações", diz McQuivey. Seguem a exigência de 30% e o veto aos links, no app oferecido via iTunes, para seus próprios sites e páginas de assinatura.
O grupo Pearson, que edita "FT" e "Economist", não está sozinho na briga. Foi precedido pela "Playboy", que lançou em maio o iplayboy.com, desenvolvido em HTML5, mas "otimizado para o iPad".
Sua motivação, porém, não seriam apenas as regras draconianas, mas o risco de sofrer censura moral da Apple.
O Pearson divulgou que, na primeira semana, mais de 100 mil pessoas haviam usado o apps.ft.com -que, embora acessado via browser, é semelhante ao app vendido no iTunes. Acrescentou que segue em negociações com a Apple sobre as regras, mas que seu foco agora é nos aplicativos baseados na internet.
Já desenvolve uma versão de seu web app para Android, que vai permitir contornar também o Android Market do Google, que cobra 10%.

REDE SOCIAL
O Facebook segue estratégia semelhante à do "FT". Preparou seu app para iPad, mas vinha segurando a entrada em operação como trunfo nas negociações com a Apple, segundo o TechCrunch.
Paralelamente, iniciou o Projeto Spartan, como é chamado internamente seu web app, que está sendo desenvolvido especificamente para o browser Safari, do iPhone e do iPad, mas visa contornar o iTunes. Uma versão para Android viria logo depois.
Em seguida ao vazamento do projeto, fontes do Facebook falaram ao "New York Times" que o app para iPad será lançado "nas próximas semanas".


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