São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

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Motorista do Google revela bastidores

Em dias de alta temperatura, disco rígido travava; quando a conexão 3G caía, ficava difícil achar o caminho

Em cidades do interior, que não contavam com o Google Maps, condutores usavam mapas de papel


DE SÃO PAULO

Para quem acha que trabalhar para o Google é sinônimo de não ter problemas, José Carlos comenta, na continuação da entrevista, sobre defeitos no carro, dificuldades técnicas com o sistema de captura de imagens e pagamento recebido pela empresa terceirizada contratada pelo Google para o serviço.

 

Calor
No verão de São Paulo faz muito calor. Então dava umas 11h, o disco rígido esquentava demais e travava às vezes. Tínhamos que parar o carro, tirar o disco, ligar o ar condicionado e colocá-lo na frente para resfriar, durante uns dez minutos.
De tão quente, tínhamos até uma luva para pegar o disco. Os discos eram de 500 Gbytes e depois começamos a usar de 750 Gbytes. Às vezes, era preciso fazer isso umas três vezes por dia.

 

Falta de peças
Os carros davam muito problema no início do projeto e sofríamos com falta de peças. Dava pra ver que o Brasil não tinha prioridade.
Quando seu carro quebrava, você não podia ir para casa. Tinha que levar seu carro à oficina e ficar acompanhando o trabalho. Era o seu "castigo", ficar parado na oficina.

 

Combustível
Tínhamos um cartão do Google para abastecer os carros, que ficava com a dupla. Esse era o único uso permitido: abastecimento.
Gastávamos por semana uns R$ 120 por tanque, cerca de quatro vezes por semana.

 

Carro
Ele tem um robô em cima da caixa de marcha que faz as contas e automatiza parte dos comandos do carro. É uma tecnologia chamada eletroválvula.
Eu já estava acostumado porque meu pai tinha um carro com esse sistema, mas muita gente no começo fundia o motor, destruía a caixa de câmbio, não sabia mesmo como dirigir.
No porta-malas, tinha computador que rodava Ubuntu [sistema operacional baseado em Linux]. Vários cabos faziam a conexão da CPU com o monitor, que fica no lugar do banco do passageiro. As fotos eram disparadas de acordo com o movimento do carro, cerca de uma foto por metro.

 

Dinheiro
Eles pagavam R$ 1.500 e assinavam carteira. Tinha alguns benefícios, então tudo junto dava uns R$ 1.800 -recebidos da Deco, empresa contratada pelo Google.

 

Problemas técnicos
Usávamos internet sem fio, 3G, para manter o equipamento conectado. Quando caía a internet, era o caos, porque perdíamos o acesso aos Google Maps.
No centro, tudo bem, mas quando estávamos na periferia? Era difícil sair, tinha que perguntar, perguntar...
Em algumas cidades do interior, não há Google Maps, então tínhamos que comprar mapa de papel na própria cidade. Era muito difícil.

 

Google Home
A gente brincava que logo seria lançado o Google Home. Você vai estar na sua casa tomando um cafezinho e vai entrar um cara com uma câmera na cabeça tirando foto de você fazendo macarrão, tomando café...


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