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ANÁLISE
Terceira dimensão se expande e deve engolir óculos especiais
DIÓGENES MUNIZ
EDITOR DE MULTIMÍDIA
Aos olhos da classe médica, eles são sinônimo de conjuntivite. Para os cinéfilos,
trambolhos admissíveis somente no escurinho do cinema. Mas ninguém gosta menos dos óculos 3D do que a
própria indústria de tecnologia, para quem o utensílio é
um mal (ainda) necessário.
Ou cada vez mais desnecessário. Traduzindo tudo isso
em pastiche hollywoodiano:
"Óculos 3D, preparem-se para morrer!".
Visto há décadas como
uma espécie de crachá para o
universo tridimensional, o
apetrecho enfrenta agora sua
via-sacra, que começou na
última edição da maior feira
de informática do mundo.
Realizada em março, na Alemanha, a Cebit fincou uma
bandeira na terceira dimensão a olhos nus. Os lançamentos passearam de TVs a
porta-retratos digitais 3D, a
maioria sem exigir óculos.
O eco da festa hi-tech alemã pôde ser escutado nos
corredores do megaevento
de games E3, em Los Angeles
(EUA). A gigante Nintendo
revelou uma versão tridimensional do popular console portátil DS. Quando todos
esperavam para descobrir
em que cores estariam disponíveis suas armações, a empresa japonesa se saiu com
uma tela de 3,5 polegadas autoestereoscópica. Óculos?
Que óculos?
Guarde bem essa palavra
grande e complicada. Por
meio de lentes especiais instaladas na própria tela, a autoestereoscopia faz com que
cada olho receba um tipo de
imagem, induzindo nosso
cérebro à ideia de tridimensionalidade. Os principais
empecilhos desse padrão são
os preços elevados e a necessidade de o espectador estar
de frente para o conteúdo,
nunca em um ângulo lateral.
Ainda assim, a autoestereoscopia está para a imagem 3D assim como a tela
sensível ao toque está para o
mouse tradicional.
Explico: mouse causa LER
(lesão por esforço repetitivo).
Segundo estudos de infectologistas, é tão sujo quanto
um vaso sanitário. Por décadas, demandou cotonete para limpeza interna ou invariavelmente empacava. Nem
por isso morreu, e lá se vão
40 anos com a ratazana debaixo da mão. Até a chegada
das telas sensíveis ao toque
popularizadas na tríade iPod
touch, iPhone e iPad.
No caso dos óculos 3D, o
script é o mesmo. Seu último
bunker é a telona do cinema
(maior, mais cara e mais difícil de ser adaptada). Todas as
outras já estão embarcando
na autoestereoscopia. Não é
a feiura ou a falta de higiene,
portanto, que eliminarão os
óculos 3D. É a própria marcha da tecnologia.
Traduzindo tudo isso em
pastiche hollywoodiano: "Hasta la vista, baby!".
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