São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011

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Pecados da traição

Ao testar sites para quem quer pular a cerca, a Folha encontra serviços de prostituição, homens que se passam por mulheres e uma falha grave de segurança

Pétala Lopes/Folhapress


RAFAEL CAPANEMA
DE SÃO PAULO

DANIELA ARRAIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em expansão no país desde que estrearam, há dois meses, os sites de traição não têm só pessoas comprometidas à procura de amantes.
Ao testá-los, a Folha encontrou garotas de programa, homens se passando por mulheres para não pagar e, no mais popular deles, uma falha grave de segurança.
Mudando um único dígito no endereço de álbuns públicos do Ohhtel (ohhtel.com), era possível ver fotos privadas de qualquer usuário. O problema ocorreu desde o lançamento desse site no Brasil, em julho, e só foi corrigido no último fim de semana, após contato da Folha.
Fundados nos EUA, os dois principais sites do ramo já atraem milhares de pessoas no Brasil. O Ashley Madison (ashleymadison.com) afirma ter 10,5 milhões de usuários no mundo todo, 130 mil deles no país. O Ohhtel tem menos usuários no total -2 milhões-, mas supera o concorrente no Brasil: 282 mil.
Os serviços são totalmente gratuitos para mulheres. Homens podem se cadastrar de graça, mas, para contatá-las, precisam comprar pacotes de créditos que custam entre R$ 60 e R$ 80, no mínimo.
Alguns usuários do sexo masculino, porém, se cadastram como mulheres para usufruir da gratuidade.
Uma busca rápida por mulheres no Ohhtel, por exemplo, retorna perfis com avisos como "sou homem... procuro mulheres para sexo".
"Olá, se você está procurando diversão e quer passar um bom momento com alguém que você pode encontrar regularmente, eu gostaria de ouvir o que você tem a dizer", dizia uma mensagem enviada à Folha por um perfil de prostituição. As regras de ambos os serviços proíbem qualquer tipo de comércio.
Ambos os sites afirmam contar com recursos para evitar esses tipos de situação.
"Criamos o Ohhtel para as mulheres", afirma o diretor do Ohhtel, Jackson Roberts.
O discurso é o mesmo de Eduardo Borges, representante do Ashley Madison no Brasil. "O homem consegue trair com mais facilidade na sociedade. A mulher, não."
Segundo Borges, o Ashley Madison costuma ter picos de novos cadastros nos dias seguintes aos de datas comemorativas. "As pessoas passam a data com seu par e descobrem que não estão satisfeitas com o casamento. No dia seguinte, entram no site."
Em média, o Ashley Madison ganha 3.300 usuários por dia no Brasil. No Dia do Amante, na última quinta-feira (22), o número dobrou: 6.867, segundo maior pico do site, depois do Dia dos Pais, quando entraram 22 mil membros novos.


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