São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2011

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ANDRÉ CONTI

Zelda: uma paixão


Para avançar, é necessário percorrer um labirinto de salas, derrotar inimigos e resolver quebra-cabeças


A HISTÓRIA é contada em inúmeras entrevistas: quando criança, Shigeru Myamoto, o lendário designer de jogos da Nintendo, passava as tardes explorando o bosque que circundava sua casa, em Sonobe, no Japão. Num desses passeios, descobriu a entrada de uma gruta, que visitou repetidas vezes com uma lanterna. Myamoto também se recorda do sentimento de aventura ao percorrer sem mapa o bosque, conforme se deparava com lagos escondidos, acidentes geográficos e vilarejos rurais.
Na década de 80, já na Nintendo e carregado pelo sucesso de Donkey Kong e Super Mario Bros., duas de suas criações mais famosas, ele procurava uma maneira de levar aos jogos o mesmo senso de aventura dos passeios por Sonobe. Myamoto havia subvertido a lógica dos fliperamas com o Super Mario, um dos primeiros jogos a privilegiar não a pontuação do jogador, e sim a linearidade: o que contava era passar da última fase.
The Legend of Zelda saiu no Japão em 1986, para o Famicom Disk System, e um ano depois nos Estados Unidos, para o Nintendo 8-bits. O jogador controla um menino de túnica verde chamado Link, e o objetivo é percorrer oito calabouços em busca de fragmentos de um artefato mítico, abrir um último castelo e salvar a princesa Zelda. A diferença é que não havia fases nem linearidade, e o jogador percorria o mapa na ordem que quisesse, algo que não existia nos videogames da época.
A mecânica, aparentemente simples, serve para recriar a experiência de Myamoto em Sonobe. Em determinado momento, Link pode encontrar uma caverna, mas não consegue avançar porque o lugar está escuro. O jogador continua percorrendo o mapa, até que dá num calabouço. Para avançar nos calabouços, é necessário percorrer um labirinto de salas, resolver quebra-cabeças, derrotar inimigos e coletar itens. Um desses itens é uma lanterna, e então Link pode voltar e resolver o obstáculo anterior.
O primeiro Zelda que joguei foi o segundo da série, The Adventure of Link, lançado nos EUA em 1988. Era uma fita dourada, que um amigo trouxe do exterior com o manual xerocado (e que ainda precisou ser traduzido por familiares). Até hoje é meu jogo favorito. Além da trama principal, Zelda 2 trazia ainda dezenas de missões paralelas, o que estimulava a exploração minuciosa daquele mundo, que por sua vez ia se revelando maior e mais complexo. Era preciso conversar com todos os personagens, interpretar sinais obscuros, desenhar mapas, e eu e meu irmão demoramos mais de um ano para acabar o jogo.
A série, que completou 25 anos em fevereiro, já tem 15 jogos, espalhados por diversos consoles da empresa, com mais um a caminho, Skyward Sword, para o Nintendo Wii. Cada episódio traz alguma mecânica nova, mundos maiores, avanços gráficos e técnicos -e praticamente todos são bons. The Ocarina of Time, lançado em 1998 no Nintendo 64, até hoje é considerado um dos grandes jogos de todos os tempos e o melhor da série (o que não é verdade). Ele está disponível, junto com os dois primeiros e ainda Majora's Mask e A Link to the Past, na loja virtual do Wii.

chorume.org

@andre_conti

LULI RADFAHRER
Leia a coluna desta semana em
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