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Orongo se liga ao mito do homem-pássaro

DO ENVIADO À ILHA DE PÁSCOA

Muito menos conhecidas que os moais, mas com uma história igualmente interessante, as ruínas da vila cerimonial de Orongo estão localizadas na borda do vulcão extinto Rano Kau, entre a cratera e o Pacífico.

As construções originais eram o epicentro de um elaborado culto que girava em torno do homem-pássaro, a partir do ano de 1600.

As ruínas mostram que mais de 50 habitações elípticas de pedra com entradas diminutas e viradas para o mar eram decoradas com uma série de petróglifos, símbolos relacionados ao culto.

O homem-pássaro era a representação terrena do Makemake, o deus criador da humanidade e símbolo da fertilidade para os rapanuis.

O culto de adoração ao Makemake substituiu o culto às estátuas e passou a ser a prática religiosa predominante por dois séculos e meio.

Na base das cerimônias, uma perigosa competição entre as doze diferentes tribos de rapanuis que viviam na ilha de Páscoa até meados do século 19 decidia quem seria o responsável por administrar os escassos recursos.

Cada clã tinha um candidato revelado por sonhos de profetas. Depois de muita preparação, competidores, sacerdotes e líderes de cada tribo subiam para Orongo, onde esperavam que a primavera trouxesse uma ave migratória específica, a Manutara, ou andorinha-do-mar.

A chegada dos pássaros sinalizava o início da competição, que consistia na descida de um penhasco praticamente vertical, de 300 metros de altura.

Em seguida, os competidores, nadavam dois quilômetros no mar agitado e repleto de tubarões até uma ilhota vizinha, Motu Nui.

Lá, procuravam pelo ovo da Manutara. O primeiro a encontrar o ovo anunciava o feito aos brados para quem estava em Orongo, mas, somente depois de "espiritualmente preparado", tinha ainda que levá-lo de volta intacto penhasco acima, sendo então coroado homem-pássaro. O líder do clã vencedor era condecorado o rei da ilha por um ano. A prática, reprimida por missionários cristãos, cessou em 1866.

As ruínas e paisagens de Orongo ilustram essa fantástica história, que marcava o início da primavera.

Em todas as visitas a sítios arqueológicos é necessário seguir regras como não tocar nos moais.

(PEDRO CARRILHO)

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