Índice geral Turismo
Turismo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

'Interlagos podia virar destino turístico'

Para Emerson, seguindo exemplo de outros países, pista paulistana devia ser sede de museu, restaurante e hotel

Campeão fala sobre viver nos EUA e de sua amizade com George Harrison, Chico Landi e Juan Manuel Fangio

Um beatle e um pioneiro

Fiquei amigo do George Harrison por causa das corridas. A primeira vez que nos falamos foi em Brands Hatch, no GP da Inglaterra de 1972. Ele foi aos boxes, conversamos e descobri um cara muito legal.

Outra pessoa inspiradora foi o Chico Landi [piloto brasileiro pioneiro, correu na Europa nos anos 1940 e 1950].

Um dia, fui apresentado ao comendador Enzo Ferrari. O comendador queria que eu corresse para eles, no mundial de Marcas, mas eu tinha acabado de assinar com a Lotus para correr na F-1.

Acabei recusando, mas lembro bem que ele perguntou: "Fittipaldi, como está "Kiko" Landi?" [em italiano, o "ch" tem som de "k"]. E eu respondi: "Seu Chico, comendador, mandou um abraço". Ele ficou todo alegre, pois Chico Landi foi um pioneiro e um talento.

Museus de autos e Interlagos

Adoro ir a museus de carros. Um que vale a pena ver é o de Indianápolis. Tem também o museu da Ford, em Detroit. Mas o de Indianápolis é lindo, com tudo o que é carro de competição. E há o museu da Mercedes, em Stuttgart...

Um dos sonhos que eu tenho, um desafio, é fazer um museu do esporte a motor. São Paulo merece um lugar assim.

Já pensou fazer de Interlagos um destino turístico, um resort? Já acontece em diversos circuitos pelo mundo; seria bárbaro se isso fosse possível, atrairia turistas e aficionados.

Fangio e as superstições

Sempre uso esse anel que os vencedores em Indianápolis ganham nas 500 milhas [Emerson ganhou duas vezes]. É a única superstição com que eu fiquei, gozado... Quando eu bati em Michigan, o anel com que eu bati, o da vitória de 1989, ovalizou, ficou amassado. E eu falei: "Vou guardar o anel assim mesmo".

Isso das superstições me lembra uma história do [pentacampeão argentino de F-1, Juan Manuel] Fangio. Sempre que dava, eu ia jantar com ele, em Genebra, na Suíça.

Um dia ele me disse: "Emmo, você é supersticioso?". Respondi: "Sou, muito". Na época, eu era. Todo piloto é, e a gente tem origem católica, italiana... Aí ele falou: "Então eu vou te contar uma história". Num Grande Prêmio da Suíça, em Berna, depois da classificação, ele jantou, pegou a mulher e foi dar uma volta na pista, que era de rua.

Quando chegou na reta principal da pista, apareceu um gato preto e ele o matou.

E, depois, me contou: "Não dormi, pensando que, no dia seguinte, estaria morto, ia ser meu dia!". Na manhã seguinte, estava chovendo. O circuito tinha uma parte de paralelepípedo, onde o carro escorrega na pista. E o Fangio disse que chegou na pista travado, sem falar com ninguém. Sentou no carro e arrancou. Na terceira ou quarta volta, esqueceu. E acabou ganhando o grande prêmio.

Viver nos EUA

Depois da F-1, foi uma surpresa boa viver nos EUA. Gosto do país e os meus filhos moram lá. Só os pequenininhos estão aqui. Num certo sentido, é um país como o Brasil, com gente do mundo todo.

Tenho filho em Nova York, a minha mais velha mora em Charlotte, por causa do Pietro [neto de Emerson, piloto da categoria Nascar].

Em Miami, montei, com o advogado Peter Yanowich, um "concierge", o Elements.

Na Flórida, nos idos dos anos 1980, houve um fluxo grande de brasileiros comprando propriedades. Depois, esfriou, no fim dos anos 1990 e início dos 2000. Agora, esquentou.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.