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Militares se encontram em praça para saudar audiência

Rituais complicados e longa duração da cerimônia chegam a desanimar os turistas, que acabam se dispersando antes de seu final

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A cerimônia da troca da guarda em Zagreb começa às 11h40 em dois lugares ao mesmo tempo.

A infantaria parte do quartel-general na praça do mercado Dolac, em meio a barracas de flores e lembrancinhas quadriculadas, e segue ladeira acima pela Tkalciceva, uma viela de paralelepípedos com ares medievais.

No Kamenita vrata, um portal de pedra do século 17, eles se alinham para uma oração e ficam a postos. A gruta é um conhecido local de devoção por exibir uma pintura da Virgem que se salvou de um incêndio em 1731.

Ali é onde fiéis acendem velas e rezam.

Enquanto isso, o batalhão da cavalaria trota pela rua Dubravkin, num longo percurso até o santuário. São 11h55 quando ambos se encontram pela primeira vez.

Ao meio-dia, o canhão da torre Lotrcak dispara, numa tradição obscura que remonta a 1877 -a versão mais difundida da lenda conta que o tiro do canhão atingiu um prato de frango carregado por um soldado turco, e, por isso, a Turquia desistiu de atacar Zagreb. Mas, na verdade, as causas do disparo comemorativo diário continuam sem explicação satisfatória.

Teoricamente, é nesse horário -a cerimônia não é pontual, dificultando ainda mais a localização dos turistas-que o regimento militar chega à praça São Marcos, forma uma só coluna e saúda a audiência.

Em seguida, há um peculiar ritual de inspeção das armas. Dois soldados são estacionados na entrada da igreja São Marcos, um dos cartões-postais da cidade, que possui um telhado de azulejos pintados com os brasões do antigo reino da Croácia e da capital, Zagreb.

Mais tarde, outros dois homens tomam guarda diante da estátua de Ban Josip Jelacic, conhecida por ser um ponto de encontro dos locais -"debaixo do rabo do cavalo" já se tornou uma referência geográfica.

Conta-se que, de início, o monumento estava voltado na direção norte, com o general croata brandindo a espada ameaçadoramente em direção à Hungria. Foi removido em 1947 pelo marechal Tito e devolvido em 1990 ao seu lugar histórico, só que virado para o lado contrário. Ninguém sabe por quê. Uns dizem que é para ameaçar a Sérvia, outros argumentam que ficava feio ter uma estátua de um cavalo com o rabo voltado para a praça.

DISPERSÃO

O grupo de soldados perde ainda mais elementos ao passar pela estátua de Nossa Senhora no Kaptol.

A essa altura, há poucos soldados restantes. Dos espectadores iniciais, quase nenhum conseguiu acompanhar a cerimônia inteira, que em certos momentos acelerou o ritmo e dividiu os batalhões, para a exaustão do público, que optou pela deserção militar em prol de uma cerveja Karlovacko ou de um bom café.

É perante um desdém generalizado, portanto, que os bravos croatas de gravatas seguem marchando -lá vêm eles de novo- e recolhendo seus companheiros, um a um, numa troca mecânica de rituais e continências que se estende até bem depois das 14 horas.

(VB)

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