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Humahuaca é antigo reduto de hippies

Local já foi parte de rota inca, conexão entre vice-reinados e palco das guerras de independência da Argentina

Turismo na região se estabeleceu em 2001, com a crise argentina, e os primeiros hotéis chegaram em 2003

DO ENVIADO A SALTA E JUJUY

Quem passa hoje pelas calmas ruas dos vilarejos de Purmamarca ou Maimará não imagina o quão movimentado tem sido o noroeste argentino nos últimos 10 mil anos.

De lá para cá, a Quebrada de Humahuaca, onde os povoados estão instalados, já foi usada como rota inca, estrada de conexão entre os vice-reinados da Prata e do Peru e palco das guerras de independência da Argentina. Não à toa, a região foi declarada patrimônio da humanidade pela Unesco, na categoria de paisagem cultural, em 2003.

A quebrada é um cânion de 155 km de extensão que corre de norte a sul juntamente com o rio Grande (que, apesar do nome, é praticamente seco no inverno). À sua margem, dentro do vale, passa a Ruta Nacional 9, ou RN-9, uma estrada que liga Buenos Aires à Bolívia.

De mão dupla e relativamente movimentada, mas sem buracos e bem sinalizada, a RN liga Salta ao aeroporto e à cidade de San Salvador de Jujuy, capital da província de Jujuy -65 km ao sul de Purmamarca, a primeira cidade da quebrada, a 2.200 m acima do nível do mar.

Sem eletricidade até os anos 90, o turismo na região se fixou após 2001, paradoxalmente ajudado pela crise, que obrigou muitos argentinos, desde então, a passar as férias em seu próprio país.

Os primeiros hotéis vieram em 2003 e estão concentrados em Purmamarca. O vilarejo também abriga uma das principais atrações da região: a montanha das Sete Cores, de diversos tons cromáticos entre o verde, o amarelo e o vermelho, que pode ser acessada por uma estrada de terra que começa atrás do cemitério da cidade. Mas é possível vê-lo bem da praça central, ao lado dos portões da centenária igreja.

O maior movimento, porém, está poucos quilômetros ao norte de lá, em Tilcara, um antigo reduto hippie que até hoje se orgulha de ter acolhido a seleção de futebol em 1986, em período de aclimatação para a Copa do México -na qual o time de Maradona e Valdano foi campeão.

Restaurantes de comida típica andina, feiras de artesanato e museus locais atraem os visitantes à cidade. Nas lojas de artigos típicos, ao lado de sementes de quinoa, podem ser compradas -legalmente- folhas de coca.

No caminho entre Purmamarca e Tilcara está Maimará, povoado cujo cemitério é bem visível da estrada. Atrações à parte na Quebrada de Humahuaca, os cemitérios são colocados na região mais alta da cidade para que os corpos não contaminem a água e para que os mortos fiquem mais perto do sol.

O povoado também é sede da "bodega" (espanhol para vinícola) Dupont, cujas vinhas nascem a 2.400 m acima do nível do mar, estando entre as mais altas do mundo. Estabelecida há cinco anos, seu vinho Punta Corral (80 pesos, R$ 35) recebeu 94 pontos no guia do sommelier Robert Parker.

O principal da Dupont, porém, é o Pasacana (110 pesos, R$ 48). Ambos são produzidos com cortes de malbec, cabernet sauvignon e syrah.

É preciso atravessar o leito do rio Grande para chegar à vinícola, portanto, carros apropriados são necessários. Não há visitação nos meses de chuva, entre dezembro e janeiro. O recomendável é fechar o passeio com uma agência local, em Tilcara ou Purmamarca.

(DANIEL MÉDICI)

Leia sobre o ritual Pacha Mama
folha.com/no1140715

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