Análise

Combate ao narcotráfico leva país a altos níveis de violência

O México vive hoje uma das passagens mais delicadas de sua história recente. Desde 2006, quando o presidente conservador Felipe Calderón (Partido da Ação Nacional) decidiu iniciar uma guerra contra os cartéis de narcotráfico que atuam no país, mais de 40 mil já morreram.
A violência atingiu níveis que nem o presidente esperava e será assunto predominante na campanha eleitoral.
Em agosto, um ataque a um cassino em Monterrey deixou 52 mortos. O atentado foi atribuído a um dos maiores cartéis do país, os Zetas, e assombrou a sociedade.
Em outubro, Veracruz acordou um dia para encontrar mais de 30 corpos espalhados nas ruas da cidade, numa ação de intimidação por parte de traficantes.
A atividade dos jornalistas tem sido cerceada de muitas maneiras. Ameaças de morte, sequestros e assassinatos fizeram com que os principais jornais do país estabelecessem códigos de conduta com relação ao crime. Alguns optam por não publicar tudo o que acontece. Outros dão menos peso aos atos sangrentos.
Os que se arriscam mais, automaticamente, pagam mais caro. Há casos de donos de jornais que saíram do país. Nesse ambiente tenso, muitos preferem usar as redes sociais para transmitir notícias de forma anônima.
A oposição não encontrou ainda um discurso que possa convencer o eleitorado a mudar de opção na eleição presidencial. O principal adversário do PAN será o histórico PRI (Partido da Revolução Institucional), que governou durante 70 anos o país. O partido deve concorrer com o ex-governador do Estado do México, Enrique Peña Nieto.
Em geral, mesmo intelectuais e políticos que criticam as ações de Calderón se contêm antes de fazê-lo publicamente, pois a violência por parte dos narcotraficantes está tão elevada que é difícil propor abertamente uma trégua ou que se deixe de combater os criminosos.
É uma situação triste. Um dos países mais ricos cultural e historicamente da América Latina atravessa um de seus mais terríveis pesadelos.