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URUGUAI NATURAL
Caminhada entre a velha cidadela e o rio da Prata desvelam uma capital que o tempo não transformou
Em Montevidéu, os caminhos turísticos levam até o porto
SILVIO CIOFFI
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
Com 1,4 milhão de habitantes, Montevidéu, a capital uruguaia, é algo provinciana, ideal
para passeios a pé. Os trajetos
convergem para o porto e para
o Mercado del Puerto, tendo
origem nas cercanias das praças da Independencia e da Matriz -ou vice-versa. Mesmo
com o dólar ensaiando alta, os
preços são ultracamaradas em
restaurantes e no comércio,
onde há artigos artesanais de
couro e de lã feitos à moda antiga. E há bons museus, onde antológicos pintores contemporâneos, como Pedro Figari e
Joaquín Torres García, exibem
a marca de seu gênio.
Quem chega de navio, nota a
cidade assentada numa colina
de 132 m: essa elevação deve ter
dado origem ao nome Montevidéu, cuja tradução-livre seria
"eu vi o monte". O velho forte,
de 1726, que deu origem à capital, há muito foi destruído.
Ao desembarcar no porto, ou
iniciar o passeio por ali, às margens do rio da Prata, o viajante
logo encontra um caminho demarcado, que contorna uma
imensa loja de produtos artesanais com a marca "Hecho Acá"
-sobretudo objetos decorativos, brinquedos e roupas.
Dessa perspectiva, a segunda
parada é o Mercado del Puerto
(esquina de Pérez Castellanos e
Piedras), onde dezenas de pequenos restaurantes servem
"parrillada", o churrasco assado nas lenhas, pescados e o
"medio y medio", drinque à base de vinho. Além de algum artesanato, ali é possível encontrar folhetos com o tour feito a
pé passando pelas praças mais
emblemáticas, por uma série
de museus e de casas aristocráticas e por igrejas importantes.
Pólo gastronômico, esse
mercado, cuja estrutura de ferro foi ali erguida entre 1865 e
1869, foi uma estação ferroviária, como denuncia o relógio
sonolento no seu interior.
Iniciando a subida que, afinal, vai dar na Ciudad Vieja, a
igreja de San Francisco, de
1864, na Solis, 1.469, é sede do
Museu de Arte Colonial.
Para quem tem fome de história da arte, o Palácio Taranco,
de 1907, em estilo francês, na
25 de Mayo, 376, próximo da
praça Zabala, leva o nome de
seu proprietário original, um
comerciante endinheirado cujo
acervo originou o Museu de Artes Decorativas. Mais um par
de quadras e, perto de Washington e Missiones, fica a Casa
de Riveira, mansão do primeiro
presidente da República Oriental do Uruguai que hoje abriga o
Museu Histórico Nacional.
Paralela à Washington, na
Sarandí, passa-se ao largo da
Matriz, na Ciudad Vieja, onde
uma acesa feirinha vende todos
os tipos de quinquilharias.
Os registros asseguram que a
igreja Matriz, na esquina de Sarandí com Ituzaingó, tem a idade das edificações pioneiras de
Montevidéu, de 1726, mas foi
reedificada entre 1790 e 1804.
Uma lista de objetos de arte
relevantes leva o visitante a observar esculturas e tumbas, o
imponente altar-mór e a intrigante imagem de Nossa Senhora que, lavrada em madeira, deve ter sido legada pelos jesuítas
por volta de 1725. Mas a peça
mais singela e interessante talvez seja a pia batismal de 1753,
onde o herói nacional José Gervásio Artigas teria recebido seu
primeiro sacramento.
No lado oposto ao da igreja
Matriz, na J.C. Gómez, 1.362, o
Cabildo, de 1808, hoje abriga o
Museu e Arquivo Histórico
Municipal. Marco histórico, o
prédio abrigou a prefeitura
quando a Constituição uruguaia foi promulgada, em 1830.
Travessas do calçadão da Sarandí, onde coexistem galerias
de arte, antiquários e uma zona
comercial moderna, a travessa
Bacacay também foi projetada
para pedestres -e parece perfeita para uma parada. Ali, cafés, restaurantes e livrarias
convidam a uma pausa.
A próxima parada é o clássico
teatro Solís, referência em espetáculos de música erudita.
Na esquina de Buenos Aires,
Juncal e Reconquista, foi concebido com fachada marmórea
em forma de Partenon entre
1842 a 1856, mas teve as alas laterais agregadas em 1869.
Na praça Independencia
Mais duas ou três quadras e
chega-se à Puerta de la Ciudadela, na esquina de Sarandí e
Juncal, e vislumbra-se a praça
Independencia, epicentro da
velha cidadela, cujas linhas arquitetônicas remontam a 1836.
No meio da praça, fica a estátua eqüestre do general Artigas,
de 1923. Limitando o conjunto,
nos números 846-848 da praça
Independencia, o Palácio Salvo,
prédio de residências e escritórios, de 1928, é um arranha-céu
paradoxalmente baixo -e lembra um "bolo de noiva".
SILVIO CIOFFI , editor de Turismo, viajou a convite da operadora Sun&Sea/Celebrity Cruises
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