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Receber "tax free" é tarefa complicada
Burocracia antes do embarque em aeroporto europeu é entrave para obter estorno de imposto sobre compras
As duas horas normais de antecedência para voar não são, em geral, suficientes para cumprir procedimentos
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
O turista viaja à Europa, se
depara com adesivos de "tax
free" colados nas vitrines das
lojas e é informado de que
poderá obter estorno de parcela significativa (veja tabela
ao lado) do preço pago por
mercadorias, a título de restituição de imposto, o VAT, ao
voltar para o Brasil.
Na hora, escutando o vendedor e fazendo as contas, o
viajante se ilude: parece simples obter esse "desconto".
Na prática, esse "direito",
que é usado como argumento de venda, exige do comprador expertise e muita paciência no aeroporto, momentos antes do embarque.
Na loja, desde que o comprador exiba seu passaporte
no ato da compra, a mercadoria adquirida é entregue
junto do envelope e do formulário da Global Blue/ Global Refund, empresa que intermedia o procedimento de
"tax free" para turistas.
Ainda na loja, ato contínuo ao do pagamento do preço integral, com imposto, o
freguês-viajante precisa indicar se quer que o ressarcimento seja feito no aeroporto, no ato de sair do território
europeu, ou via depósito
num crédito em cartão, depois do fim da viagem.
PROCESSO KAFKIANO
Mas é no próximo passo, já
quase na hora do embarque
final, que as dificuldades e a
maratona do "tax free" se
apresentam.
As duas horas normais de
antecedência recomendadas
pelas companhias aéreas
não são, em geral, suficientes
para enfrentar a burocracia
exigida pela Global Blue/
Global Refund.
Essa burocracia precisa
ser cumprida antes do check-in se o passageiro deseja despachar seus bens adquiridos
na mala principal -e não levá-las na mala de mão.
A primeira fila, para mostrar as mercadorias em processo de "importação acompanhada" é, normalmente,
marcada pelo nervosismo.
Os guardas aduaneiros
nem costumam checar com
rigor se todas as compras estão, de fato, na posse do passageiro, mas a delonga para
verificar os envelopes, cotejar as notas com os bens adquiridos e carimbar o formulário é naturalmente morosa.
Envelope carimbado, o
procedimento seguinte é entrar numa outra fila, em geral
da Travellex, casa de câmbio
dentro do aeroporto europeu, para sacar o imposto em
"cash", algumas vezes com
algum deságio.
O passo seguinte é colocar
o envelope -conferido e carimbado- numa caixa de
correio. Só que, nos aeroportos, elas ficam escondidas,
sem a devida sinalização.
Mesmo que prefere esperar meses para receber o valor do "tax-free" depositado
em seu cartão de crédito, é
preciso postar o envelope.
Aí, aparece novo contratempo: apesar do envelope
impresso fornecido pela Global Blue/Global Refund vir
impresso como tendo o porte
pago, dispensando teoricamente o selo, pode haver um
outro percalço a vencer.
Se a compra foi feita em
país europeu diferente do último aeroporto de embarque
rumo ao Brasil, o envelope
precisa ser selado. E não costuma ser fácil comprar selo
em aeroporto (tente a lojinha
que vende jornais e peça emprestado uma cola, pois os
envelopes são precários).
Devidamente preenchido
com o número do cartão de
crédito, carimbado, lacrado e
selado, o envelope com o
timbre fornecido pela empresa precisa ser colocado na
caixa do correio.
E a tal caixa fica... -aonde
mesmo? em que terminal?-
dentro do aeroporto, que costuma ser enorme.
Se bobear, o avião decola
para o Brasil sem que o passageiro, sequioso pelo "tax
free", dê conta de tantas filas, exigências e procedimentos burocráticos.
DESCASO
Há ainda casos como o da
loja que vendeu o produto
com "tax free" e mandou um
cheque virtualmente impossível de cobrar para a casa do
viajante (veja fac-símile ao
lado e, abaixo, resposta da
Global Blue/Global Refund.
Tal cheque, relativo ao estorno do imposto VAT sobre
compras efetuadas na loja
Clark's de Londres, em setembro de 2009, foi enviado
para um endereço escrito
com erros e chegou na casa
do "cliente", em São Paulo,
quatro meses depois, no final
de janeiro de 2010.
É ainda importante que se
diga que há um valor mínimo
a ser gasto por dia em determinada loja antes de pleitear
o envelope do "tax free" -e a
maratona que ele encerra antes da hora do embarque.
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