São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

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Bar Naval, 100, abrigou de Lupicínio a Getúlio

"Poeta do mercado" trabalha e declama poemas ali

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

As cadeiras e ventiladores centenários do Bar Naval testemunharam muito da política, da literatura e da música gaúcha. Os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart eram freqüentadores assíduos, nos anos 50, como o ainda desconhecido Lupicínio Rodrigues, que consumia, além de "uma cachacinha, por favor, camaradinha", folhas e folhas de papel para rabiscar composições.
As paredes de azulejos amarelos, ainda originais da inauguração do Naval, em 1907, estampam fotos de clientes misturadas a poesias escritas por quem guarda a memória viva do bar: "o poeta do mercado", Paulo Naval, 71.
Darcy Souza Oliveira começou a trabalhar como garçom ali em 1957. Incorporou o nome do botequim como sobrenome e trocou Darcy por Paulo.
Simples assim, como é sua rotina há 50 anos entre mesas, clientes, barris de chope e a produção da cachaça Barroldinha, uma tradição da casa.
Feita de uma exótica semente importada da Alemanha, chamada barrolda, é vendida somente em doses aos clientes que insistem, sem sucesso, em levar uma garrafa para casa.
Enquanto trabalha, observa a clientela. Se vê alguém triste e sozinho, declama seus poemas, que, irresistíveis, geram pelo menos um pequeno sorriso.
"Havia alguns dias, estava sentado um homem com sotaque diferente. Era de Recife. Perguntei o que tinha e respondeu que era saudade de casa", conta Naval. E emenda, reproduzindo o diálogo com o cliente: "Saudade é como espinho à procura da flor, é o martírio do amante a viver sozinho, distante de seu amor (...)".
Hoje, ele administra o bar e serve chope e especialidades da casa, como o carreteiro de charque, o bolinho de bacalhau e a traíra gaúcha. (SIMONE IGLESIAS)


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