|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Apartamento compartilhado anima estada
DA ENVIADA ESPECIAL
Os tipos de hospedagem para
estudantes estrangeiros dos cursos de línguas da Enforex variam
entre lares com família espanhola, apartamento independente e
residência estudantil, que difere
do anterior por ter roupa lavada e
uma pessoa responsável pelos
alunos, lembrando os antigos
pensionatos para estudantes.
O apartamento independente
destina-se a estudantes com autonomia, com vários quartos alugados individualmente, para duplas ou trios. Renata Cristina de
Freitas, 23, achou a casa "animada". "Tivemos problemas com o
apartamento em que ficamos no
primeiro dia, cujo ambiente era
precário, com móveis velhos e
nove pessoas para um banheiro.
À noite tocavam música alta e
conversavam. Aqui há respeito,
ninguém faz barulho, e este apartamento atual é bem cuidado."
Apesar de gostar do curso, Kim
Suart, 23, da Flórida, também teve problemas com hospedagem
na chegada e precisou usar o telefone de emergência da Enforex.
"Fiquei esperando por três horas
no endereço errado e ninguém
da escola veio ajudar. Liguei e
eles me deram o novo endereço,
mas não explicaram como chegar. Isso foi falta de organização."
Sobre essas reclamações, o presidente da Enforex, Antonio
Anadón, responde: "Não somos
máquinas de lavar roupa, as pessoas pensam que todos os lugares
são como os EUA. Procuramos
agradar a todos, há estudantes
que gostam de festas, já outros
não gostam de sair à noite".
Outra residência da Enforex
tem 14 quartos, nove banheiros e
dois salões. Ali mora o londrino
Pen, de sotaque indiano, mas que
já estava começando a falar espanhol, embora todo mundo misturasse espanhol e inglês na sua turma. "O bom é que são poucas pessoas na sala de aula e só se pode
falar em espanhol." Pen ia passar
sete semanas na Espanha e mais
sete viajando pela América do Sul.
Sua atividade preferida é comer
"tapas" e tomar drinques nas discotecas Santana e El Sol.
Uma opção mais sossegada é
conviver com uma família espanhola. Na casa da professora Maria Victoria Murugarren, 55, o
cheiro é de limpeza e não há nada
fora do lugar. "Sou de Navarra.
Gosto de viver em casas confortáveis, como a classe média espanhola, sobretudo professores, advogados e outros profissionais liberais." Ela recebe estudantes estrangeiros há dois anos e meio.
"Gosto dos brasileiros porque
têm coisas em comum com os espanhóis. Recebi faz pouco tempo
duas irmãs do Rio." Maria ainda
relata que seus hóspedes sempre
lhe escrevem ao voltar para seus
lares e que cada vez há mais europeus estudando a língua. "O mercado mundial exige o espanhol."
Maria Victoria é professora de
língua e literatura espanholas e de
música em um colégio que vai da
pré-escola ao equivalente ao ensino médio brasileiro. Vive com o
marido, Jeronimo, não tem filhos
e os hóspedes adoram o seu cachorro. "Aprendo muito com
meus hóspedes, pensei até em escrever um livro. Procuro conversar com os estudantes na hora do
jantar. Eles gostam da comida:
paella com frango, massa, refogados de feijão e verduras, que é
uma receita navarra. Procuro todos os dias mudar, mas acho bom
que aprendam a comer como os
espanhóis. O café da manhã eu
deixo livre, pão para torradas, suco, café com leite, cereais."
A habitação mais conservadora
em Madri é a Residência Larrubías, em um belo prédio de arquitetura típica espanhola com cem
anos e tombado pela prefeitura.
Nela convivem 57 universitárias
de junho a outubro.
Cada uma gasta 755 mensais
com café da manhã, almoço, merenda e jantar, serviço de lavanderia em dias alternados, limpeza do
apartamento e troca de roupa de
cama. O hóspede deve levar seu
computador e telefone. Em julho
e agosto, são aceitos rapazes em
um andar misto, e a quantidade
de hóspedes sobe para 90.
Os estudantes não reclamam
das regras da casa, segundo Maria
Alvarez, que dirige a residência.
No dia em que a Folha visitou o
prédio, uma garota francesa compartilhava a sala de TV, ampla e
ventilada, com uma espanhola de
fora de Madri e uma americana.
"As jovens têm liberdade e chegam à hora que querem. Só é preciso pensar que, durante o ano escolar, têm de estudar após o jantar, mas não prendemos ninguém. Fazemos questão de manter contato com seus pais."
(MRC)
Texto Anterior: Escola fatura US$ 14 milhões anualmente Próximo Texto: Aos 150, Gaudí continua polemizando Índice
|