São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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Apartamento compartilhado anima estada

DA ENVIADA ESPECIAL

Os tipos de hospedagem para estudantes estrangeiros dos cursos de línguas da Enforex variam entre lares com família espanhola, apartamento independente e residência estudantil, que difere do anterior por ter roupa lavada e uma pessoa responsável pelos alunos, lembrando os antigos pensionatos para estudantes.
O apartamento independente destina-se a estudantes com autonomia, com vários quartos alugados individualmente, para duplas ou trios. Renata Cristina de Freitas, 23, achou a casa "animada". "Tivemos problemas com o apartamento em que ficamos no primeiro dia, cujo ambiente era precário, com móveis velhos e nove pessoas para um banheiro. À noite tocavam música alta e conversavam. Aqui há respeito, ninguém faz barulho, e este apartamento atual é bem cuidado."
Apesar de gostar do curso, Kim Suart, 23, da Flórida, também teve problemas com hospedagem na chegada e precisou usar o telefone de emergência da Enforex. "Fiquei esperando por três horas no endereço errado e ninguém da escola veio ajudar. Liguei e eles me deram o novo endereço, mas não explicaram como chegar. Isso foi falta de organização."
Sobre essas reclamações, o presidente da Enforex, Antonio Anadón, responde: "Não somos máquinas de lavar roupa, as pessoas pensam que todos os lugares são como os EUA. Procuramos agradar a todos, há estudantes que gostam de festas, já outros não gostam de sair à noite".
Outra residência da Enforex tem 14 quartos, nove banheiros e dois salões. Ali mora o londrino Pen, de sotaque indiano, mas que já estava começando a falar espanhol, embora todo mundo misturasse espanhol e inglês na sua turma. "O bom é que são poucas pessoas na sala de aula e só se pode falar em espanhol." Pen ia passar sete semanas na Espanha e mais sete viajando pela América do Sul. Sua atividade preferida é comer "tapas" e tomar drinques nas discotecas Santana e El Sol.
Uma opção mais sossegada é conviver com uma família espanhola. Na casa da professora Maria Victoria Murugarren, 55, o cheiro é de limpeza e não há nada fora do lugar. "Sou de Navarra. Gosto de viver em casas confortáveis, como a classe média espanhola, sobretudo professores, advogados e outros profissionais liberais." Ela recebe estudantes estrangeiros há dois anos e meio. "Gosto dos brasileiros porque têm coisas em comum com os espanhóis. Recebi faz pouco tempo duas irmãs do Rio." Maria ainda relata que seus hóspedes sempre lhe escrevem ao voltar para seus lares e que cada vez há mais europeus estudando a língua. "O mercado mundial exige o espanhol."
Maria Victoria é professora de língua e literatura espanholas e de música em um colégio que vai da pré-escola ao equivalente ao ensino médio brasileiro. Vive com o marido, Jeronimo, não tem filhos e os hóspedes adoram o seu cachorro. "Aprendo muito com meus hóspedes, pensei até em escrever um livro. Procuro conversar com os estudantes na hora do jantar. Eles gostam da comida: paella com frango, massa, refogados de feijão e verduras, que é uma receita navarra. Procuro todos os dias mudar, mas acho bom que aprendam a comer como os espanhóis. O café da manhã eu deixo livre, pão para torradas, suco, café com leite, cereais."
A habitação mais conservadora em Madri é a Residência Larrubías, em um belo prédio de arquitetura típica espanhola com cem anos e tombado pela prefeitura. Nela convivem 57 universitárias de junho a outubro.
Cada uma gasta 755 mensais com café da manhã, almoço, merenda e jantar, serviço de lavanderia em dias alternados, limpeza do apartamento e troca de roupa de cama. O hóspede deve levar seu computador e telefone. Em julho e agosto, são aceitos rapazes em um andar misto, e a quantidade de hóspedes sobe para 90.
Os estudantes não reclamam das regras da casa, segundo Maria Alvarez, que dirige a residência. No dia em que a Folha visitou o prédio, uma garota francesa compartilhava a sala de TV, ampla e ventilada, com uma espanhola de fora de Madri e uma americana. "As jovens têm liberdade e chegam à hora que querem. Só é preciso pensar que, durante o ano escolar, têm de estudar após o jantar, mas não prendemos ninguém. Fazemos questão de manter contato com seus pais." (MRC)


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