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Botsuana restringe número de turistas
Aparentemente contraditória, a política do país é incrementar o turismo local diminuindo visitação nos parques
País foi reconhecido neste ano com prêmio internacional sobre turismo sustentável
por zona protegida
ANDRÉ ZARA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para um país acostumado
ao turismo de massa e à natureza invejável, o que é mais
importante: atrair turistas ou
preservar seu ambiente?
Os governantes da Botsuana se fizeram a pergunta no
começo da década de 90 e
tentaram unir as duas coisas,
desenvolvendo um modelo
de turismo sustentável que
neste ano foi considerado
exemplo para o mundo.
Uma das regiões naturais
que ganhou atenção especial
pela sua importância foi o
delta do Okavanga, uma área
de 55 mil km2 -região de proteção ambiental um pouco
maior que o Estado do Rio
Grande do Norte.
E foi pelo destaque na administração dessa zona de
alagados e com grande concentração de animais selvagens que Botsuana ganhou
em maio deste ano o prêmio
"Turismo para o Amanhã",
do Conselho Mundial de Turismo e Viagem (WTTC, na sigla em inglês).
RECONHECIMENTO
Segundo o presidente dos
jurados da premiação, Costas Christ, Botsuana foi escolhida pelo trabalho inovador
de proteção à região do delta
do Okavango.
"Os jurados sentiram que a
conservação da área, junto
ao sucesso do modelo turístico de pouco volume e alto
rendimento, é um exemplo
de administração para todo o
mundo", diz.
De acordo com ele, o grande mérito dos governantes de
Botsuana foi perceber que
poderiam gerar grandes lucros e, ainda assim, preservar o ambiente para as futuras gerações.
Muitas medidas de proteção foram implantadas na
década de 1990, mas a mudança só foi consolidada em
2002, com uma estratégia nacional de ecoturismo -no
mesmo ano, os esforços do
país rumo à sustentabilidade
também foram reconhecidos
pela OMT, a Organização
Mundial de Turismo.
MANUAL DE ECOTURISMO
A ação acabou levando à
criação de um manual de
boas práticas do ecoturismo
e a um sistema de permissões
para empresas e operadores.
O sistema determina que é
preciso capacitar os moradores, apoiar os esforços de preservação e monitorar os impactos ambientais causados
pelos visitantes.
Foram criados limites para
o número de turistas que podem ir aos parques nacionais, e as taxas de entrada ficaram mais caras.
Apesar das restrições, a
ação ajudou a distribuir melhor a quantidade de turistas
pelas diversas atrações de
Botsuana, e alavancou o turismo - a segunda atividade
econômica do país, perdendo apenas para a exploração
de diamantes. A atividade
emprega 54 mil pessoas.
Com as novas medidas, a
quantidade de turistas visitando cada um dos parques
nacionais teve de ser limitada, mas, curiosamente, o número total de gente visitando
o país aumentou. Em 2009, o
Botsuana recebeu perto de
2,5 milhões de turistas -no
ano 2000 esse número era de
cerca de 1 milhão.
Hoje, só no delta do Okavango, 34% da população
adulta da região trabalha na
conservação natural ou no
turismo. "Botsuana criou um
importante exemplo que até
o Brasil poderia seguir", diz.
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