São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2010

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OPINIÃO A ROMA DO ORIENTE MÉDIO
Aos 3.500 anos, Istambul é a anti-Dubai

Os 1.600 anos como capital dos impérios Bizantino e Otomano estão marcados em mesquitas, catedrais e ruínas


DEPOIS DE DUBAI COMO A MAIOR ATRAÇÃO PARA OS BRASILEIROS NO ORIENTE MÉDIO, ISTAMBUL É UM BÁLSAMO AOS TURISTAS MAIS EXIGENTES


RAUL JUSTE LORES
DE ISTAMBUL

Um cruzamento de Roma com o Rio de Janeiro pode parecer bom demais para ser verdade, mas Istambul quase chega lá na comparação com as duas cidades.
Ela não tem Pão de Açúcar, nem Ipanema, mas você vê mar por todos os lados, seja o de Mármara ou o mar Negro, e ainda pode cruzar de balsa o estonteante Estreito de Bósforo.
Os 3.500 anos da cidade, 1.600 deles como capital dos impérios Bizantino e Otomano, estão esculpidos nas colinas que se debruçam sobre o mar. Não tem o Vaticano ou o Coliseu, mas a mesquita Azul e a catedral de Santa Sofia, a dos mosaicos bizantinos, remetem à nossa memória das aulas sobre a Antiguidade.
E tem ruínas de muralha e aqueduto romanos, além da torre Gálata, de 67 metros de altura, construída por comerciantes genoveses em 1348, com vista panorâmica.
Mas ao contrário das outras cidades maravilhosas, Istambul ainda é o coração econômico do país. Com 13 milhões de habitantes, ela responde por 27% do PIB e 45% do comércio da Turquia, a 16ª economia do mundo.

RUAS CHEIAS
Regra da cultura mediterrânea, os locais se divertem na rua. Praças são cheias de casais de namorados e de crianças brincando, enquanto mães e avós penduram roupas em varais.
Um calçadão de 3 km, quase o mesmo comprimento da avenida Paulista, é um dos melhores observatórios da vibração da cidade.
A Istiklal, bem definida como um elegante cruzamento da portenha calle Florida com as ramblas de Barcelona, é visitada por mais de um milhão de pedestres por dia, que circulam por centenas de lojas, cafés, restaurantes, livrarias e galerias.
Algumas confeitarias ali têm 150 anos - como diversas igrejas cristãs, de católicas a ortodoxas armênias, que ficam recuadas 100 metros do calçadão principal por uma antiga lei local.
Vi a Istiklal lotada de gente às 2h da manhã - mas mesinhas de bares e restaurantes espalhadas por calçadas estão cheias em qualquer uma de suas transversais, além dos bairros boêmios de Çihangir e Karakoy.
Para descansar de tanto passeio, há banhos turcos tradicionalíssimos -o Çemberlitas foi construído em 1584 e ainda oferece massagens e esfoliações nada aptas para as peles mais sensíveis.
O turismo em massa já fez seus estragos -e partes do bairro histórico de Sultanahmet se parecem com um cenário da Disney para as 1.001 noites. E fazer compras no Grande Bazar, o maior do mundo, é um tormento.
Mas depois de anos de Dubai como a maior atração para brasileiros no Oriente Médio, Istambul é um bálsamo para turistas mais exigentes. Saem os arranha-céus de arquitetura duvidosa e shoppings em série do emirado, entram o cosmopolitismo e a diversidade étnica da grande metrópole turca.


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