São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

Próximo Texto | Índice

EXTREMO SUL

Terra do Fogo ainda reverencia navegadores

Aventura para desbravar as paisagens geladas tem Punta Arenas e Ushuaia como pontos de partida

Margarete Magalhães/Folha Imagem
Entrada para o glaciar Piloto e Nena, em braço do canal de Beagle


MARGARETE MAGALHÃES
DA ENVIADA ESPECIAL À TERRA DO FOGO

Uma viagem à Terra do Fogo significa ir parar naquele último extremo de terra do continente sul-americano na Argentina e no Chile, que até lembra o rabo de um dragão. É também ter diante dos olhos montanhas com picos nevados e pontos geográficos importantes, detalhados ao longo da história. E ser capaz de reverenciar os expedicionários que estiveram no "fim do mundo", em busca da passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Aventuras nessa porção do mundo entre o estreito de Magalhães e o canal de Beagle e um pouco mais abaixo, alcançando o temido cabo Horn, dobrado em 1616, necessariamente incluem roteiros de navegação.
As saídas são de Ushuaia, capital da Província da Terra do Fogo, na Argentina, às margens do canal de Beagle, e de Punta Arenas, capital da Região 12 do Chile, chamada de Magalhânica, no estreito de Magalhães, já na Patagônia chilena.
A alta temporada na região chileno-argentina começa neste mês e vai até abril. Os termômetros batem os 15C, e a temperatura é mais do que agradável. Mas, prever como o tempo estará, é algo a que ninguém se arrisca nessas paragens.
As duas cidades portuárias, Ushuaia e Punta Arenas, servem de ponto de apoio para os viajantes em busca de outros passeios em terra. De Punta Arenas, muitos viajantes seguem viagem para o Parque Nacional Torres del Paine, no Chile, e para o glaciar Perito Moreno, na Argentina. De Ushuaia, fazem passeios de um dia de barco às ilhas próximas, visitam museus e rumam ao Parque Nacional Terra do Fogo.

Expedições
Esteve na região fueguina Charles Darwin, que até escreveu seu diário "A Viagem do Beagle". Seu nome batiza uma cordilheira onde há 2.000 km2 de capa de gelo. E, apesar do aquecimento global e de os glaciares terem recuado, a paisagem de hoje não se distancia das descrições de quem navegou nessa zona austral no passado. Dá para admirar os "impressionantes glaciares azuis", como descreveu Darwin.
O português Fernão de Magalhães, em 1520, achou com sua Armada das Molucas o estreito que levaria seu sobrenome. Agora, tudo ali é magalhânico: dos bosques e sua vegetação endêmica aos carismáticos pingüins-de-magalhães, vistos na ilha Magdalena.
Também foi homenageado "sir" Francis Drake (1540-1596). O mar que separa a Antártida do continente sul-americano carrega o nome Drake, perto do cabo Horn, um lugar emocionante de visitar e onde a natureza mostra seu poder.
Diferentemente dos expedicionários dos séculos 16 a 19, que, em suas naus, patrocinados pelas coroas do Velho Mundo, além de buscar uma saída para chegar às Índias, tinham de lutar contra as intempéries, aventureiros hoje contemplam a paisagem sem passar por nenhum perrengue.


Margarete Magalhães viajou a convite do companhia Cruceros Australis

Próximo Texto: Extremo sul: Cruzeiro embarca expedicionários afeitos à natureza
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.