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EXTREMO SUL
Terra do Fogo ainda reverencia navegadores
Aventura para desbravar as paisagens geladas tem Punta Arenas e Ushuaia como pontos de partida
Margarete Magalhães/Folha Imagem
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Entrada para o glaciar Piloto e Nena, em braço do canal de Beagle |
MARGARETE MAGALHÃES
DA ENVIADA ESPECIAL À TERRA DO FOGO
Uma viagem à Terra do Fogo
significa ir parar naquele último extremo de terra do continente sul-americano na Argentina e no Chile, que até lembra
o rabo de um dragão. É também
ter diante dos olhos montanhas
com picos nevados e pontos
geográficos importantes, detalhados ao longo da história. E
ser capaz de reverenciar os expedicionários que estiveram no
"fim do mundo", em busca da
passagem entre os oceanos
Atlântico e Pacífico.
Aventuras nessa porção do
mundo entre o estreito de Magalhães e o canal de Beagle e um
pouco mais abaixo, alcançando
o temido cabo Horn, dobrado
em 1616, necessariamente incluem roteiros de navegação.
As saídas são de Ushuaia, capital da Província da Terra do
Fogo, na Argentina, às margens
do canal de Beagle, e de Punta
Arenas, capital da Região 12 do
Chile, chamada de Magalhânica, no estreito de Magalhães, já
na Patagônia chilena.
A alta temporada na região
chileno-argentina começa neste mês e vai até abril. Os termômetros batem os 15C, e a temperatura é mais do que agradável. Mas, prever como o tempo
estará, é algo a que ninguém se
arrisca nessas paragens.
As duas cidades portuárias,
Ushuaia e Punta Arenas, servem de ponto de apoio para os
viajantes em busca de outros
passeios em terra. De Punta
Arenas, muitos viajantes seguem viagem para o Parque
Nacional Torres del Paine, no
Chile, e para o glaciar Perito
Moreno, na Argentina. De Ushuaia, fazem passeios de um dia
de barco às ilhas próximas, visitam museus e rumam ao Parque Nacional Terra do Fogo.
Expedições
Esteve na região fueguina
Charles Darwin, que até escreveu seu diário "A Viagem do
Beagle". Seu nome batiza uma
cordilheira onde há 2.000 km2
de capa de gelo. E, apesar do
aquecimento global e de os glaciares terem recuado, a paisagem de hoje não se distancia
das descrições de quem navegou nessa zona austral no passado. Dá para admirar os "impressionantes glaciares azuis",
como descreveu Darwin.
O português Fernão de Magalhães, em 1520, achou com
sua Armada das Molucas o estreito que levaria seu sobrenome. Agora, tudo ali é magalhânico: dos bosques e sua vegetação endêmica aos carismáticos
pingüins-de-magalhães, vistos
na ilha Magdalena.
Também foi homenageado
"sir" Francis Drake (1540-1596). O mar que separa a Antártida do continente sul-americano carrega o nome Drake,
perto do cabo Horn, um lugar
emocionante de visitar e onde
a natureza mostra seu poder.
Diferentemente dos expedicionários dos séculos 16 a 19,
que, em suas naus, patrocinados pelas coroas do Velho
Mundo, além de buscar uma
saída para chegar às Índias, tinham de lutar contra as intempéries, aventureiros hoje contemplam a paisagem sem passar por nenhum perrengue.
Margarete Magalhães viajou a convite do companhia Cruceros Australis
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