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EXTREMO SUL
Cruzeiro embarca expedicionários afeitos à natureza
Rotina começa às 7h para cumprir passeios por geleiras; há palestras educativas e, à noite, documentários
DA ENVIADA ESPECIAL À TERRA DO FOGO
Sem cassino, sem shows, sem
noite de gala com o capitão e
sem piscina ao ritmo de "olha a
onda", o cruzeiro a bordo do
Via Australis é feito sob medida
para o passageiro, ou melhor,
para o "expedicionário", como
é tratado pela tripulação. O embarcado tem de preferir sessões
de documentários a noites na
discoteca do navio e curtir palestras sobre história e geografia da Terra do Fogo e da Patagônia, que irá ver in loco.
Saindo de Ushuaia, na Argentina, em cruzeiro de três ou
quatro dias rumo a Punta Arenas, no Chile, ou vice-versa, a
embarcação navega por canais,
baías, pelo estreito de Magalhães etc. Todos os dias, os hóspedes tomam os botes zodiac e,
nas águas dos canais, têm uma
atividade: ver glaciares, caminhar por bosques até mirantes
ou por entre pingüins ou elefantes-marinhos.
É preciso ter um kit básico
para poder fazer todos os passeios tranqüilamente, sem sentir frio: gorro, luvas, calças e casaco impermeáveis. O navio
disponibiliza botas e capas de
plástico. No caso das botas, é
preciso ser rápido no primeiro
dia. Quem calça um daqueles
números mais comuns corre o
risco de ficar sem o seu par e ter
de se virar com um número
maior ou um menor. Caso tenha se esquecido de levar algo,
lojas em Ushuaia vendem os
itens necessários a preços nada
extravagantes.
Prepare-se para marear no
primeiro dia. O balanço em direção ao cabo Horn é forte. Não
hesite em ir para cama. E, durante a refeição, recuse qualquer líqüido -até mesmo os vinhos chilenos que integram a
carta. Empanturre-se de massa
e pãezinhos -dicas do garçom,
altamente eficientes.
A bordo, a rotina começa cedo. Há desembarques em que é
preciso estar pronto para receber instruções às 7h. Para ver a
avenida dos glaciares, num dos
braços do Beagle, desperta-se
às 6h para o desfile de Holanda,
França, Itália, Alemanha e Romanche, nomes das geleiras.
Dica: hóspedes de cabines pares no sentido Ushuaia-Punta
Arenas os vêem da cama.
Após o passeio, toma-se o café da manhã. Enquanto o barco
segue navegando, há momentos para tudo. Para ler, tirar
uma soneca, se encostar no bar,
bater papo, participar das palestras, assistir a uma aula meio
sem graça de decoração da centolla -tipo de caranguejo das
terras austrais, famoso e aguardado prato. Após o jantar, há
aula de coquetelaria e sessão de
cinema, em que se exibem documentários como a "Marcha
do Imperador".
Com decoração sóbria tanto
na área comum quanto nas amplas cabines e um bar onde não
faltam coquetéis, como piña
colada, pisco e até caipirinha, o
clima no Via Australis é de descontração. Não há como ser diferente, já que, depois de alguns
passeios, volta-se desgrenhado.
Como a capacidade do barco
de 2005, que ainda não completou 20 viagens, é para 136 passageiros, a interação é natural.
Mesmo que os expedicionários
sejam de diversos países (16 no
cruzeiro em que a Folha participou) e tenham idades variadas -a faixa dos 40 se sobressaiu-, todos conversam nessa
"torre de Babel".
A paisagem também promove o romance. Sete casais de
italianos e espanhóis comemoravam a lua-de-mel. A saber:
quem não tiver completado o
enlace pode receber a bênção
do capitão do navio, que, aliás,
já foi requisitado para a tarefa.
(MARGARETE MAGALHÃES)
INFORMAÇÕES
Na alta temporada (de novembro a
10 de março), o cruzeiro de quatro
noites no Via Australis custa de
US$ 1.310 a US$ 1.960, por pessoa,
em cabine dupla www.australis.com
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