São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EXTREMO SUL

Balanço do mar indica proximidade com o cabo Horn

Em 30 minutos faz sol, venta, o céu fica nublado e cai granizo no ponto mais austral antes da Antártida

DA ENVIADA ESPECIAL À TERRA DO FOGO

É desnecessário ser marinheiro para identificar a proximidade com o cabo Horn, o pontinho de terra mais austral antes de chegar à Antártida e onde mais de 800 navegadores, dentre piratas, descobridores e aventureiros morreram ao tentar dobrá-lo. As ondas fortes do mar bravio fazem o estômago encolher, mesmo a bordo de um navio de 2.716 toneladas como o Via Australis.
É um bom motivo para admirar mais ainda os exploradores holandeses Jacob le Marie e Willem Shouten -os primeiros a alcançar, em 1616, a saída do Pacífico em busca de uma nova rota para as Índias-, seus seguidores e também o navegador inglês Francis Drake, que, em sua viagem ao redor do mundo, de 1577 a 1580, detalhou a existência desse ponto austral.
Na viagem do século 21, o desembarque no cabo Horn, pesadelo de marinheiros e sonho dos aventureiros, acontece somente quando as condições climáticas permitem e, definitivamente, causa impacto. O bote balança e há assistência da tripulação do navio literalmente até debaixo d'água.
Dois mergulhadores devidamente paramentados na água, cuja temperatura beira os 5C, seguram o bote. Depois, é preciso subir uma escadaria para chegar no topo do cabo Horn, onde de um lado está o Atlântico e do outro, o Pacífico. E, ali, as forças da natureza mostram todo seu poder. O tempo vira com velocidade. Faz sol, fica nublado e cai granizo em um intervalo de 30 minutos. Sem falar no forte vento, que desequilibra e tremula com tal intensidade a bandeira chilena no território fueguino, que a faz se enrolar no mastro.
No alto da ilha, há dois pontos de visitação. Primeiro o Monumento Cabo Horn, de 1992, um albatroz de metal em memória aos homens do mar de todas as nações que pereceram lutando contra as inclemências da natureza próxima ao cabo.
Segundo, o farol e uma capela recém-aberta. Aproveite para comprovar sua passagem por lá enviando um cartão-postal, já que os correios do Chile se fincaram ali. Numa casa anexa ao farol vivem os primeiros moradores do cabo Horn.
Rodrigo Araneda foi nomeado o prefeito do cabo em agosto deste ano e seu mandato será até 31 de dezembro de 2007. "Eu quis vir", garante ele. Na latitude 55º58, Araneda vive com a mulher e uma filha pequena.
(MARGARETE MAGALHÃES)

Texto Anterior: Extremo sul: Cruzeiro embarca expedicionários afeitos à natureza
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.