KARINA KLINGER
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se você estiver em Maresias, praia pertencente ao município de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, esbarrar em alguém na rua, e, logo em seguida, engrenar um bate-papo, nem é preciso se dar ao trabalho de perguntar da onde aquela pessoa vem. A maioria vem de fora.
Em Maresias, a quantidade de forasteiros é grande e faz não só o paulistano mas também turistas de outros cantos se sentirem em casa. A maioria fez o que muita gente nunca teve coragem de fazer: deixou a cidade para viver à beira-mar, em contato com a natureza e a beleza do nosso litoral. Valnete Weiss, a proprietária da pousada Brig Maresias, largou a vida em Nova York, nos Estados Unidos, por Maresias.
"Meu marido trabalhava em um banco por lá. Largamos tudo para viver aqui e foi uma maravilha", conta ela, sem qualquer arrependimento. Também não é para menos, Wal trabalha de frente para o mar, cercada pela mata atlântica e ao lado dos seus dois cães da raça labrador.
Apesar de estar localizada na avenida central de Maresias, perto do bochicho, dos shoppings e dos restaurantes, a pousada é indicada para quem quer descansar. Os quartos têm até rede na varanda.
Outro que também fez o que todo mundo sonha fazer, mas não tem coragem, foi o publicitário Mark Dammann, dono do restaurante Os Alemão. Há cinco anos, ele e o irmão gêmeo largaram empregos em uma agência de publicidade, em São Paulo, para encarar um negócio na praia.
"Queria uma rotina bem diferente e consegui. Hoje vou trabalhar de bicicleta e, antes de começar o dia, posso ainda dar um mergulho", conta o empresário, proprietário de um dos poucos restaurantes em estilo pé na areia de Maresias.
Localizado na avenida à beira-mar, o bar e restaurante Os Alemão vive cheio. Entre as especialidades da casa estão o filé de pescada ao molho de camarão, que vem acompanhado de arroz e batata frita (R$ 33, que serve bem duas pessoas), e o salmão ao molho de gengibre (R$ 20,50, porção individual). Ambos são criações da designer gráfica Adriana Bessa Dammann, cunhada de Mark, que também veio de São Paulo em busca de uma qualidade de vida melhor.
Um dos forasteiros mais conhecidos em Maresias, principalmente pelos surfistas, é Fábio Oliveira, que mora há sete anos na cidade e sobrevive consertando e fazendo pranchas de surfe. Na época de temporada, seus serviços são requisitadíssimos.
"Conserto até 20 pranchas por dia. Em geral, os meus clientes são turistas", conta ele, que cobra entre R$ 25 e R$ 30, dependendo do tipo de serviço.

Balada na praia
Maresias sempre foi conhecida pelo burburinho à noite. Ele ainda existe. A cada temporada de verão novas casas noturnas e bares abrem suas portas. Neste ano, há pelo menos dois lugares para quem não dispensa uma balada.
Um deles é o Art & Bar, que fica no shopping Maresias, na avenida Francisco Loup. O espaço foi inaugurado há alguns meses pela argentina conhecida pelo nome Sol, que sempre foi conhecida na cidade por vender sandálias artesanais na praia. Dessa vez, ela abriu um espaço para vender seus artesanatos e peças de decoração de artistas locais. O espaço é um misto de galeria e barzinho. As sandálias feitas no tear custam a partir de R$ 50. O som do ambiente varia de MPB a reggae -o axé fica de fora.
A forasteira Sol saiu da Argentina há dez anos para conhecer o mundo. Desembarcou em Maresias e não saiu mais. "Foi paixão à primeira vista, aqui tenho uma vida tranqüila", comemora ela.
Outro bom restaurante é o Rádio City Café Maikai, que também fica na avenida Francisco Loup. O bar-restaurante oferece drinques e comida japonesa. Sofisticado, o lugar fica em uma bela casa de frente para o mar com um terraço com piscina.

Temáticos
Não vale passar por Maresias sem conhecer dois lugares interessantes. O primeiro é o bar Legends, lanchonete temática, que traz quadros, imagens e pranchas espalhadas pelo lugar contando a história do surfe. Inaugurado há oitos anos, por um norte-americano, o espaço atrai os jovens. No andar de baixo, há uma doceria; no de cima, são servidos os lanches. Com nomes que seguem o estilo, há o "dropando no pê-efe", com arroz, feijão, fritas e filé.
Outro lugar, no mínimo diferente, é o Sushi Jungle, onde é possível saborear um dos tantos pratos de comida japonesa em bangalôs no meio da mata. O espaço iluminado por velas convida a um clima romântico.