São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Favela de Mumbai mostra os dois lados da Índia atual Tornada famosa no cinema, Dharavi tem miséria, mas os negócios brotam Victoria, a estação onde foi rodada a cena final do filme "Quem Quer Ser um Milionário?", virou atração turística DO ENVIADO A MUMBAI A maior favela da Ásia, personagem central de "Quem Quer Ser um Milionário?", recebe o visitante em Mumbai, a antiga Bombaim. Dharavi, onde 1 milhão de pessoas vivem em barracos, começa pouco depois do aeroporto internacional, que vive ampliação bilionária. Mais que a "oficial" Déli, Mumbai é o verdadeiro resumo da Índia do presente. Arranha-céus e shoppings pipocam pela cidade de 19 milhões de habitantes, a maior metrópole do país, onde estão os bancos, as multinacionais e os bilionários. O mais rico do país, Mukesh Ambani, 53, construiu uma torre de 27 andares para hospedar a família (ele, mulher e dois filhos, mais 200 empregados). Com 173 metros de altura, 8 a mais que o edifício Itália, em São Paulo, tem três heliportos, cinema e piscinas para as visitas. Dharavi tem mesmo toda aquela miséria vista no filme, com fossas e latrinas a céu aberto, e milhares de mendigos com as mais variadas deformidades físicas, mas também é retrato do momento chinês da economia indiana. Um passeio por ali (a favela é segura) mostra que cada barraco parece abrigar uma vendinha, uma costureira, uma lanchonete e todo tipo de comércio possível. Para quem gosta de comprar os tecidos multicoloridos que dão origem a saris variados, Mumbai pode ser o paraíso. Os locais não gostaram muito da miséria retratada no filme do inglês Danny Boyle. Eles estão mais acostumados com Bollywood, a indústria de cinema que produz 800 filmes por ano e fornece a trilha sonora e o star system locais. Nos filmes de Bollywood, a Globo indiana, romances e musicais deixam os temas sociais de fora. O boom econômico é acompanhado por grandes obras de infraestrutura. Caso emblemático é o da ponte estaiada de 5,6 km que atravessa a baía da cidade. Para os turistas, Kolaba ainda é o bairro mais agitado, com galerias, cafés e cinemas dos anos 30. Nesse bairro, um horripilante atentado aconteceu em 2008, quando dez terroristas paquistaneses chegaram à cidade em barcos, e foram a lugares movimentados (em motos e a pé) tentar matar o maior número de pessoas. O atentado terminou no majestoso hotel Taj Mahal, onde os terroristas mantiveram mais de 500 hóspedes como reféns por mais de 48 horas e mataram dezenas. O hotel foi todo restaurado para exorcizar o terror e continua lotado e animado, como centro da noite local. Vizinho, o café Leopold, também atacado nos atentados, continua sendo ponto de encontro de turistas. No mesmo bairro, está a estação Victoria, onde 20 pessoas levaram tiros dos paquistaneses. Hoje, centenas de turistas visitam a estação por ter sido cenário da cena final de "Quem Quer Ser um Milionário?". Alguns não evitam o papelão de tirar foto aos passinhos de "Jai-ho". (RAUL JUSTE LORES) Texto Anterior: Caótica, Nova Déli é prima rosada e distante de Brasília Próximo Texto: Em Agra, Taj Mahal não perde impacto com fama Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |