São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2011

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Em Agra, Taj Mahal não perde impacto com fama

Beleza de mausoléu compensa viagem de carro de mais de cinco horas

Construção de mármore branco foi inaugurada em 1653, após 22 anos de trabalhos realizados por 20 mil operários

DO ENVIADO A AGRA

Mausoléu mais romântico do mundo, o Taj Mahal é o ícone mais internacional da Índia - e seu impacto sobrevive mesmo às centenas de imagens que você já viu dele. É obra de cinema, não de "Caminho das Índias".
Rodeado pela miséria de Agra, de milhares de vendedores e pedintes que abordam os turistas, o Taj se impõe com seu mármore branco translúcido, que graciosamente muda de cor com a luz do dia, e parece levitar sobre um jardim árabe, um espelho de água e o rio Yamuna, que fica logo atrás.
A história é famosa, mas vale repetir: depois de dois anos de luto inconsolável e paralisante, o imperador mugal Shah Jahan manda erguer o Taj Mahal em homenagem a sua favorita, Arjumand Banu Begum, conhecida como Mumtaz Mahal ("a escolhida do palácio", já que ele tinha várias outras mulheres na corte).
A construção, perfeitamente simétrica e circundada por quatro minaretes, foi inaugurada em 1653, depois de 22 anos de obras por 20 mil operários. Ao seu redor, fortalezas e palacetes em pedra arenítica rosada contrastam ainda mais com o branco reluzente do monumento.
Maior obra da arquitetura mugal, o Taj foi uma obra coletiva. Alguns atribuem o desenho final a um consultor italiano, Geronimo Verroneo, a serviço da família imperial mugal, mas a história oficial é de que o autor do mausoléu é o arquiteto persa Ustad Isa Khan Effendi.
Originalmente, ele continha portas de prata, detalhes em ouro e diversas pedras preciosas tanto no exterior quanto na decoração interna. Mas dezenas de saques nos séculos seguintes deixaram a construção despida - e o interior é francamente decepcionante.
Para chegar ali, é necessário usar sacos plásticos como proteção no calçado ou andar descalço, como boa parte dos locais faz.
Enquanto fotografa a construção dos mais variados ângulos, o turista estrangeiro também se sente igualmente admirado. Para muitos indianos do interior, aquela é a oportunidade para tirar fotografias "com um homem ocidental branco", como muitos me abordavam - e o repórter da Folha posou com diversos indianos diante do Taj, satisfeitos com o suvenir humano.

OBSTÁCULOS
A atração magnética do Taj Mahal justifica a longa prova de obstáculos até lá. Os 203 km entre Agra, a cidade onde fica o Taj, e Déli, demandam, com muita sorte, mais de cinco horas de carro, velocidade digna de São Paulo com chuva.
As razões da lentidão podem ser vacas circulando na estrada estreita, multidões no acostamento, onde dezenas de festas de casamento acontecem, camelôs no meio dos carros, ônibus dos anos 1950 que resolveram quebrar no meio do caminho, entre outros momentos de Índia explícita. (RAUL JUSTE LORES)


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