São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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MARCHA, SOLDADO

Fortes do país batalham por turistas

O forte de Copacabana, que abriga o Museu Histórico do Exército, é uma das principais atrações do Rio

Felipe Redondo/Folha Imagem
Canhão protegido por cúpula blindada em torreta retrátil no forte de Copacabana

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O estado atual de fortes e fortalezas espalhados pelo Brasil é um excelente resumo não só da situação da indústria do turismo, mas do próprio país -um misto de primeiro com terceiro mundo.
Existem algumas fortificações que são bem cuidadas e importantes atrações turísticas, verdadeiros cartões-postais das cidades cuja função no passado era defender -como o forte de Santo Antônio da Barra, em Salvador, com o seu famoso farol preto-e-branco.
Mas, examinando a lista das cerca de 100 fortificações que restaram -das quais nem a metade está tombada como patrimônio histórico-, encontra-se uma ocupada por favela, outra por uma aldeia indígena, uma terceira repleta de morcegos e mesmo uma debaixo d'água, que ressurge em época de seca.
O diagnóstico foi revelado no encontro "Conservação e Uso das Fortificações Brasileiras", realizado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no começo de junho, no Rio de Janeiro.
O local do encontro foi significativo. Afinal, o forte de Copacabana, que hoje abriga o Museu Histórico do Exército, é uma das atrações turísticas mais visitadas do Rio, principalmente por grupos escolares.
Campeão de visitas entre os fortes brasileiros, ele foi construído para a defesa costeira entre 1908 e 1914, e equipado com poderosos canhões para a época.
Há uma torre com dois canhões de calibre 305 mm e outra com dois de 190 mm, protegidos por cúpulas blindadas. Para a defesa contra ataques por terra havia dois canhões de calibre 75 mm em torretas que retraíam no interior do forte. Uma dessas torres foi restaurada recentemente e costuma ser usada agora para tiros de salva.
"Há uma vocação evidente para o turismo dos fortes", disse Cyro Corrêa Lyra, assessor técnico do Iphan. Segundo ele, graças à "localização privilegiada, singularidade formal, plástica e potencial interpretativo" dessas construções.
Acreditava-se que o Brasil tinha cerca de 300 fortificações. Neste ano, em pesquisa inédita, que resultará em livro com previsão de lançamento em setembro, o historiador brasileiro Adler Homero Fonseca de Castro fala em mais de 800 dessas estruturas que ajudam a contar a história do país.


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