São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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"Jóia" da defesa na América Latina, forte de Copacabana protegeu o Brasil por 60 anos

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Inaugurado em 28 de setembro de 1914 pelo presidente da República Marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), o forte de Copacabana protegeu a entrada da baía da Guanabara por cerca de 60 anos, até tornar-se obsoleto, como a maioria das defesas de costa. Foi desativado em 1975.
O forte foi a mais poderosa obra de defesa da América Latina, "a jóia maior de nossas fortificações", segundo o historiador do Iphan, Adler Homero Fonseca de Castro.
O projeto vinha do final do século 19, idealizado pelo programa de defesa de 1895 a 1898. O desenho foi feito pelo então capitão Tasso Fragoso (1869-1945), que viria a ser o mais importante historiador militar do Exército.
A falta de verba atrasou a construção, mas, como a primeira década do século 20 viu grandes progressos no desenvolvimento da artilharia, o projeto original foi aperfeiçoado e os canhões da torre principal passaram a ser de calibre 305 mm, com maior alcance e maior cadência de tiro.
Segundo Adler, o forte foi feito de concreto, com paredes de espessura de 12 metros na face para o mar e de quatro metros no topo -características que o tornaram quase inexpugnável aos canhões navais da época.
Ironicamente, a crise política mais famosa envolvendo o forte foi detonada pelo mesmo militar que o inaugurou. Em 2 de julho de 1922, o então ex-presidente Hermes da Fonseca foi preso por ter feito declarações contra uma decisão do governo de intervir em Pernambuco.
A prisão foi considerada um insulto por muitos oficiais e causou o chamado levante do Forte de Copacabana. O comandante do forte era o capitão Euclides Hermes da Fonseca, que era filho do ex-presidente e tinha sido destituído da função.
O forte chegou a levar um tiro de um couraçado da Marinha, que causou só um leve amassado em uma torre de canhão. Um pedaço do projétil continua preservado ali.
Mas a revolta não se generalizou e a guarnição abandonou o forte. Uma marcha de 17 militares -ao qual se agregou um civil no caminho- pela avenida Atlântica foi recebida com fuzilaria.
Os "18 do forte" foram mortos, feridos ou capturados. Um dos feridos foi o então tenente Eduardo Gomes (1896-1981), depois marechal-do-ar e patrono da Força Aérea Brasileira. Em 1986, o forte passou à sede do Museu Histórico do Exército.
(RICARDO BONALUME NETO)


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