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CAMINHOS CEARENSES
Mulheres rendeiras sustentam Aquiraz
Com o maior número de artesãs que fazem bilro no Estado, município reúne cerca de 2.000 delas
DA ENVIADA ESPECIAL AO CEARÁ
"Criei os meus filhos no bilro." A rendeira de Aquiraz Maria Fabíola dos Santos não demora a dizer que sustenta a família com sua habilidade e os
pauzinhos. A técnica para esse
tipo de renda "é fácil", segundo
ela, que aprendeu com a avó e
se oferece a passar para frente o
conhecimento -a quem pára
ao seu lado.
Ser arrimo de família com a
renda é comum nesse município, que concentra o maior número de rendeiras de bilro do
Estado. Informalmente há cerca de 2.000 artesãs e dois pólos
de artesanato em Aquiraz: na
Prainha e em Iguape, que juntos reúnem cerca de 160 rendeiras de duas associações,
nem 10% do total das artesãs.
"A renda se faz o ano todo;
em 90% dos casos, as rendeiras
são a principal trabalhadora da
casa. Sustentam até a casa dos
filhos", diz Dulcinéia Correia
de Oliveira, coordenadora de
Geração de Emprego, Renda e
Cooperativismo de Aquiraz.
O projeto Irmãos do Ceará,
do Sebrae Ceará, faz um trabalho em parceria com a prefeitura que buscar estimular a nova
geração -que não tem espaço
nas associações das rendeiras,
formadas há mais de 20 anos-
a manter a tradição da renda de
bilro de quatro gerações.
Os jovens são incentivados a
resgatar a vocação e mostrar
que podem ser pequenos empresários, sem ter de deixar a
maior parte do dinheiro para o
intermediário.
Modo de fazer
O trabalho de tecelagem exige uma almofada afofada com
palha de bananeira, um apoio
de madeira para segurá-la e um
cartão com o traçado dos desenhos -posto sobre a almofada.
No cartão espetam-se espinhos
de mandacaru, que marcam e
seguram o caminho da linha,
enrolada no bilro -uma madeira em forma de haste.
Os bilros são manuseados de
um lado para o outro, e a renda
vai sendo formada. "Quanto
mais bilro, mais difícil", explica
Maria Fabíola, que tem 24 deles dependurados sobre a almofada à disposição. "Faço trança,
barata."
Com a batida de um sonoro
"cloc cloc", as mãos ligeiras
passam um bilro de um lado para o outro, enquanto a vista tenta acompanhar o que está sendo desenhado pouco a pouco
sobre o cartão.
As peças começam em R$ 10
(toalhas de bandeja) e há ainda
porta-copo e caminho-de-mesa, mas, se o movimento estiver
fraco, podem sair por menos.
(MARGARETE MAGALHÃES)
ONDE COMPRAR - Associação das
Rendeiras da Prainha; r. Damião Tavares, s/nš; diariamente, das 9h às 17h;
Associação Miriam Porto Mota; Beira-mar, na praia de Iguape; das 9h às 17h
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