São Paulo, quinta-feira, 03 de agosto de 2006

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CAMINHOS CEARENSES

Mulheres rendeiras sustentam Aquiraz

Com o maior número de artesãs que fazem bilro no Estado, município reúne cerca de 2.000 delas

DA ENVIADA ESPECIAL AO CEARÁ

"Criei os meus filhos no bilro." A rendeira de Aquiraz Maria Fabíola dos Santos não demora a dizer que sustenta a família com sua habilidade e os pauzinhos. A técnica para esse tipo de renda "é fácil", segundo ela, que aprendeu com a avó e se oferece a passar para frente o conhecimento -a quem pára ao seu lado.
Ser arrimo de família com a renda é comum nesse município, que concentra o maior número de rendeiras de bilro do Estado. Informalmente há cerca de 2.000 artesãs e dois pólos de artesanato em Aquiraz: na Prainha e em Iguape, que juntos reúnem cerca de 160 rendeiras de duas associações, nem 10% do total das artesãs.
"A renda se faz o ano todo; em 90% dos casos, as rendeiras são a principal trabalhadora da casa. Sustentam até a casa dos filhos", diz Dulcinéia Correia de Oliveira, coordenadora de Geração de Emprego, Renda e Cooperativismo de Aquiraz.
O projeto Irmãos do Ceará, do Sebrae Ceará, faz um trabalho em parceria com a prefeitura que buscar estimular a nova geração -que não tem espaço nas associações das rendeiras, formadas há mais de 20 anos- a manter a tradição da renda de bilro de quatro gerações.
Os jovens são incentivados a resgatar a vocação e mostrar que podem ser pequenos empresários, sem ter de deixar a maior parte do dinheiro para o intermediário.

Modo de fazer
O trabalho de tecelagem exige uma almofada afofada com palha de bananeira, um apoio de madeira para segurá-la e um cartão com o traçado dos desenhos -posto sobre a almofada. No cartão espetam-se espinhos de mandacaru, que marcam e seguram o caminho da linha, enrolada no bilro -uma madeira em forma de haste.
Os bilros são manuseados de um lado para o outro, e a renda vai sendo formada. "Quanto mais bilro, mais difícil", explica Maria Fabíola, que tem 24 deles dependurados sobre a almofada à disposição. "Faço trança, barata."
Com a batida de um sonoro "cloc cloc", as mãos ligeiras passam um bilro de um lado para o outro, enquanto a vista tenta acompanhar o que está sendo desenhado pouco a pouco sobre o cartão.
As peças começam em R$ 10 (toalhas de bandeja) e há ainda porta-copo e caminho-de-mesa, mas, se o movimento estiver fraco, podem sair por menos.
(MARGARETE MAGALHÃES)


ONDE COMPRAR - Associação das Rendeiras da Prainha; r. Damião Tavares, s/nš; diariamente, das 9h às 17h; Associação Miriam Porto Mota; Beira-mar, na praia de Iguape; das 9h às 17h


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