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CAMINHOS CEARENSES
Ceará vem na mala em forma de garrafinha
Suvenires com areias coloridas são feitos em Majorlândia e Morro Branco e retratam a paisagem local
DA ENVIADA ESPECIAL AO CEARÁ
Pense num suvenir cearense.
Esse mesmo! Intrigante e algo
kitsch, a garrafinha cheia de
areia colorida que dá forma a
jangadas, ao pôr-do-sol e a outras paisagens é originária da
costa leste do Estado. A história
dessa relíquia tomou impulso
em Majorlândia, perto de Canoa Quebrada, uma região de
falésias brancas, onde, nos anos
1980, as garrafas começaram a
ser produzidas em larga escala.
Ainda hoje a areia usada dentro
da garrafa vem de lá, mas a técnica foi levada a outros municípios do Ceará.
Davi de Miranda aprendeu
vendo como outros faziam em
Majorlândia em 1982, aos 16
anos. Dois anos mais tarde, mudou-se para a praia de Morro
Branco, em Beberibe, a 93 km
de Fortaleza, onde o trabalho
ainda não era uma marca. "Fui
pioneiro aqui em Morro Branco", conta.
Soprado para os lados de Beberibe, Miranda aperfeiçoou
sua técnica -no início, a cola
era misturada à areia para grudá-la no vidro- e aprendeu a
preparar outras cores, já que a
areia natural em 12 tonalidades, como amarela, branca, preta, cinza, rosa e marrom, não
contempla azul ou verde.
Depois de muito fazer garrafinhas, um " trabalho memorizado", Davi passou a copiar a
fauna de um calendário. Reproduz leões, araras, tucanos e
borboletas -que, diz ele, são os
preferidos dos estrangeiros.
"Levo mais de um dia para fazer." Os animais são postos em
copos maiores ou vasos.
Beberibe é um dos principais
lugares de onde saem as garrafas, e há cerca de 50 pessoas trabalhando lá. Fácil não é, mas o
modelo está ali, dado pela visão
do pôr-do-sol atrás das velas
das jangadas enfileiradas na
praia, pela cena que consta do
passeio de buggy, que percorre
lagoas, dunas, grutas e fontes.
Entre as praias de Morro
Branco e das Fontes, um dos
momentos para guardar na memória é a visita ao Monumento
Natural das Falésias, de cores
vermelha e branca. Antigamente, a areia para ornar a garrafinha era extraída dali.
Pelo decreto que o criou em
2004, o objetivo do monumento é preservar um sítio de rara
beleza. Quem anda pelo monumento -um labirinto com paredes duras de areia branca e
vermelha que leva ao topo da
falésia- é brindado no alto com
o mar. Pena que muitas paredes tenham recebido a indesejável assinatura de pessoas que
estiveram lá para estragar a falésia.
(MARGARETE MAGALHÃES)
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