São Paulo, quinta-feira, 03 de agosto de 2006

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CAMINHOS CEARENSES

Ceará vem na mala em forma de garrafinha

Suvenires com areias coloridas são feitos em Majorlândia e Morro Branco e retratam a paisagem local

DA ENVIADA ESPECIAL AO CEARÁ

Pense num suvenir cearense. Esse mesmo! Intrigante e algo kitsch, a garrafinha cheia de areia colorida que dá forma a jangadas, ao pôr-do-sol e a outras paisagens é originária da costa leste do Estado. A história dessa relíquia tomou impulso em Majorlândia, perto de Canoa Quebrada, uma região de falésias brancas, onde, nos anos 1980, as garrafas começaram a ser produzidas em larga escala. Ainda hoje a areia usada dentro da garrafa vem de lá, mas a técnica foi levada a outros municípios do Ceará.
Davi de Miranda aprendeu vendo como outros faziam em Majorlândia em 1982, aos 16 anos. Dois anos mais tarde, mudou-se para a praia de Morro Branco, em Beberibe, a 93 km de Fortaleza, onde o trabalho ainda não era uma marca. "Fui pioneiro aqui em Morro Branco", conta.
Soprado para os lados de Beberibe, Miranda aperfeiçoou sua técnica -no início, a cola era misturada à areia para grudá-la no vidro- e aprendeu a preparar outras cores, já que a areia natural em 12 tonalidades, como amarela, branca, preta, cinza, rosa e marrom, não contempla azul ou verde.
Depois de muito fazer garrafinhas, um " trabalho memorizado", Davi passou a copiar a fauna de um calendário. Reproduz leões, araras, tucanos e borboletas -que, diz ele, são os preferidos dos estrangeiros.
"Levo mais de um dia para fazer." Os animais são postos em copos maiores ou vasos.
Beberibe é um dos principais lugares de onde saem as garrafas, e há cerca de 50 pessoas trabalhando lá. Fácil não é, mas o modelo está ali, dado pela visão do pôr-do-sol atrás das velas das jangadas enfileiradas na praia, pela cena que consta do passeio de buggy, que percorre lagoas, dunas, grutas e fontes.
Entre as praias de Morro Branco e das Fontes, um dos momentos para guardar na memória é a visita ao Monumento Natural das Falésias, de cores vermelha e branca. Antigamente, a areia para ornar a garrafinha era extraída dali.
Pelo decreto que o criou em 2004, o objetivo do monumento é preservar um sítio de rara beleza. Quem anda pelo monumento -um labirinto com paredes duras de areia branca e vermelha que leva ao topo da falésia- é brindado no alto com o mar. Pena que muitas paredes tenham recebido a indesejável assinatura de pessoas que estiveram lá para estragar a falésia. (MARGARETE MAGALHÃES)


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