São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2001

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Turismo pode substituir decadente indústria madeireira

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A economia de Urubici é baseada na produção de hortifrutigranjeiros, que crescem no solo fértil do vale do rio Canoas. O clima temperado também favorece a produção de maçãs e a criação de trutas, peixes de água fria.
A cidade, porém, se originou com a vinda de indústrias madeireiras para a região, nos anos 50. No final da década de 80, contudo, os empregos minguaram com o fechamento da maioria delas, que se deslocaram para o Norte do país. Das mais de 30 madeireiras em atividade na época, restam hoje apenas duas.
A debandada das empresas deixou um rastro de desemprego e devastação. A mata de araucárias, que pertence à mata atlântica e cobre os três Estados do Sul, teve sua área reduzida a 6.000 km2 dos 200 mil km2 originais, segundo dados da Fupef (Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná).
O auge da exploração ocorreu nas décadas de 50, 60 e 70. Nesse período, a araucária chegou a corresponder a 5% do valor de todas as exportações brasileiras.
Hoje, porém, a atividade está em franca decadência devido à redução na quantidade de espécimes e às ações restritivas do Ibama e da Polícia Ambiental.
"Quando o Ibama chegou à cidade, em 1990, a indústria madeireira já estava decadente. Os estoques remanescentes não justificam mais a atividade econômica", diz Luis Alberto Fernandes, 55, diretor do Parque Nacional de São Joaquim, em Urubici, rebatendo as críticas de que teria sido a instituição a responsável pelo fechamento das empresas.
Para ele, madeireiros e população deveriam se unir para regularizar o parque nacional, a fim de criar uma área protegida para as araucárias e evitar sua extinção.

Manejo
A discussão, porém, é inflamada. "A Polícia Ambiental devia ensinar a plantar pinheiros e não sair multando madeireiros, mesmo aqueles que seguem planos de manejo", reclama Eniovan José de Oliveira, gerente da Imadex, uma das duas madeireiras que restaram no município. Sua empresa tem permissão para serrar até dezembro. "Depois, não sei o que vai acontecer", lamenta.
O plano de manejo prevê o corte de um determinado número de árvores que apresentem troncos com mais de 40 cm de diâmetro. Segundo Oliveira, porém, muitas pessoas na zona rural estão serrando árvores ainda pequenas para evitar problemas no futuro.
Isso porque o corte de pinheiros, mesmo que não implique ganho comercial, está proibido na região. Dessa forma, um agricultor poderá ser multado, por exemplo, se derrubar um pinheiro que esteja atrapalhando sua atividade ou o acesso à fazenda.

Saída turística
O turismo pode ser uma saída para a região. Segundo dados da Santur (Santa Catarina Turismo), cerca de 150 mil turistas visitaram a serra catarinense em 2000. Só para Lages foram 101 mil, um aumento de 59% em relação a 1998.
"Os índices de retorno são de 97%, o que comprova a hospitalidade do povo serrano", diz Daniel Ubaldo Binatti, presidente da OST (Organização Serrana de Turismo), que congrega os 18 municípios da região, incluindo Lages, São Joaquim e Urubici.
Na opinião de Binatti, o maior entrave ao desenvolvimento na região é a falta de financiamentos com juros baixos e prazos longos, necessários para investimentos em turismo. (LGB)



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