|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cartum de autor europeu é mais sutil
DA ENVIADA ESPECIAL
Se o riso não vier quando você
vir algum cartum do salão de Piracicaba, não fique constrangido.
Veja a nacionalidade do participante, pois é provável que o desenho seja de um europeu.
O humor da Europa é bem menos escrachado que o do Brasil, e
os cartuns, cujos traços são bem
cuidados e trabalhados, são reflexivos, políticos ou sociais, chegando a ser melancólicos e tristes.
"Eles [os trabalhos dos europeus" são mais sisudos, já o nosso
humor é mais sedutor e escrachado", diz o chargista e cartunista
paraibano Fred Ozanan, convidado do Salão Internacional do
Piauí, que acontece neste mês.
Pela quarta vez, o vencedor da
categoria cartum do Salão Internacional de Humor de Piracicaba
foi o belga Luc Descheemaeker,
conhecido por O-Sekoer (pronuncia-se ossecur), que significa
"socorro" em francês. Ele ganhou
com o cartum em que o bobo da
corte estende o tapete para o rei
até debaixo d'água. A crítica, segundo ele, é universal, pois vale
tanto para o seu país, onde o chefe
de Estado é um rei, quanto para o
Brasil, cujo líder é o presidente.
Apesar de o salão estar dividido
nas categorias charge, cartum, caricatura e quadrinho, é bom não
trocar as bolas ao apontar para
um cartum e chamá-lo de charge.
As piadinhas e críticas baseadas
em fatos de conhecimento do público no dia-a-dia são as charges, e
os cartuns se referem a questões
religiosas, políticas e sociais, sem
necessariamente estarem atreladas a uma notícia recente.
O poeta Manoel Monteiro consegue explicar num livro de cordel a diferença. "A piada permanente tem sua voz no cartum. Já a
charge marca um instantâneo do
presente, pode abater presidente,
fazer ruir estrutura, enquanto a
caricatura tem seu lado pitoresco
acentuando o grotesco da pessoa
que figura."
(MM)
Texto Anterior: Salvador e Teresina também expõem cartuns do mundo Próximo Texto: Caruso compara cidade a San Francisco Índice
|