São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2001

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Barragens abalam piracema

DA ENVIADA ESPECIAL

Do tupi-guarani, piracicaba quer dizer "lugar onde o peixe pára" por causa de algum acidente natural. Também do tupi, piracema quer dizer "sair peixe" e refere-se à época da desova para a reprodução desses animais.
Durante muitos anos, o espetáculo visual da piracema foi atração para quem visitava Piracicaba e aproveitava para comer peixe à beira do rio que dá nome à cidade.
Reza a lenda que, em época de piracema, os índios já faziam suas comemorações em homenagem ao fenômeno. Era tempo de agradecer pela fartura, com a vinda dos animais, além de apreciar o espetáculo daquele mundaréu de peixes pulando incessantemente.
Mas, de uns anos para cá, a cena tão comum nas épocas de chuva (de novembro a março) tornou-se bem mais rara. A quantidade de chuvas tem diminuído ao longo dos anos, e o aumento da poluição tem limado a presença de oxigênio na água.
Outro fator bastante prejudicial aos peixes -e consequentemente à ocorrência da piracema- é a construção de barragens. Muitas, sem as chamadas "escadas de peixe" (degraus com minicaixas d'água de 30 cm a 40 cm de profundidade, que ajudam na subida), impossibilitam a passagem dos animais, que nadam contra a corrente para a cabeceira do rio.
No caso do rio Piracicaba, também a retirada de água de sua bacia para o abastecimento do sistema Cantareira (Grande São Paulo) tem prejudicado o processo.
Perto da capital, o fenômeno da piracema ainda pode ser visto em locais como os rios Sorocaba e Mogi-Guaçu. Segundo moradores, depois de dois anos de recesso, a piracema voltou a acontecer em Piracicaba. (CF)



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