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Barragens abalam piracema
DA ENVIADA ESPECIAL
Do tupi-guarani, piracicaba
quer dizer "lugar onde o peixe pára" por causa de algum acidente
natural. Também do tupi, piracema quer dizer "sair peixe" e refere-se à época da desova para a reprodução desses animais.
Durante muitos anos, o espetáculo visual da piracema foi atração para quem visitava Piracicaba
e aproveitava para comer peixe à
beira do rio que dá nome à cidade.
Reza a lenda que, em época de
piracema, os índios já faziam suas
comemorações em homenagem
ao fenômeno. Era tempo de agradecer pela fartura, com a vinda
dos animais, além de apreciar o
espetáculo daquele mundaréu de
peixes pulando incessantemente.
Mas, de uns anos para cá, a cena
tão comum nas épocas de chuva
(de novembro a março) tornou-se bem mais rara. A quantidade
de chuvas tem diminuído ao longo dos anos, e o aumento da poluição tem limado a presença de
oxigênio na água.
Outro fator bastante prejudicial
aos peixes -e consequentemente
à ocorrência da piracema- é a
construção de barragens. Muitas,
sem as chamadas "escadas de peixe" (degraus com minicaixas d'água de 30 cm a 40 cm de profundidade, que ajudam na subida), impossibilitam a passagem dos animais, que nadam contra a corrente para a cabeceira do rio.
No caso do rio Piracicaba, também a retirada de água de sua bacia para o abastecimento do sistema Cantareira (Grande São Paulo) tem prejudicado o processo.
Perto da capital, o fenômeno da
piracema ainda pode ser visto em
locais como os rios Sorocaba e
Mogi-Guaçu. Segundo moradores, depois de dois anos de recesso, a piracema voltou a acontecer
em Piracicaba.
(CF)
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