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ANÁLISE
NY é uma cidade à procura de um roteiro
MARCO CHIARETTI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Aquilo que costumamos chamar de Nova York, de verdade
nem existe: é um cenário de filme, dividido em quatro partes:
Manhattan, Bronx, Queens,
Brooklyn (Staten Island aparece pouco). Uma cidade à procura de um roteiro. Como há muito diretor e roteirista nova-iorquino, ou radicado lá, fica fácil.
Comecemos por Manhattan,
até porque quem teve a oportunidade de viver por lá sabe que
dificilmente um filme conseguiu capturar mais a atmosfera
da metrópole que Woody Allen
congelou em sua espécie de autobiografia fílmica.
Em cena, dezenas de paisagens da cidade, mas uma em
particular é inesquecível: o
skyline da ilha, visto do "promenade" no Brooklyn, de dia e
à noite, na abertura ou no encontro dos dois personagens.
Um personagem menos sutil
também gostou de Nova York:
King Kong refugiou-se no Empire State (e uma vez no topo
das torres gêmeas do World
Trade Center). Caiu lá do alto,
mas na calçada não há marcas.
O prédio, aliás, é cenário de
vários filmes de amor e de alguns filmes-catástrofe. Seu topo é um dos alvos dos alienígenas malvados de "Independence Day". Não sobra nada.
Filmes-catástrofe têm especial atração pela Big Apple. Em
"Armageddon", meteoritos arrancam um pedaço das torres e
na passagem destroem a cúpula
do Chrysler Building (o que não
deveria ser permitido, em nome da arquitetura).
Em "Impacto Profundo", a
onda colossal formada por um
pedaço do cometa arranca a cabeça da Estátua da Liberdade e
a deixa boiando pela Quinta
Avenida (neste filme, aliás,
uma onda mata um velhinho
sentado na Washington Square, mas ela vem rugindo do lado
errado, pelo lado Norte da ilha).
Em "Um dia Depois de Amanhã", a Biblioteca Municipal é a
última morada dos jovens heróis, que sobrevivem queimando livros e livros de direito tributário. E os que não acreditam
nos livros como fonte de vida
morrem de frio embaixo das
passagens do Prospect Park.
Godzilla se refugia no Madison Square Garden e no metrô,
não depois de arrancar fachadas de prédios e destruir várias
pontes. Em "Limite de Segurança", o presidente norte-americano manda jogarem
uma bomba de hidrogênio em
Times Square, para evitar o
apocalipse. Jogam.
E no pós-apocalíptico "Fuga
de Nova York", de John Carpenter, as torres gêmeas servem de pista de pouso para planadores. Depois dos atentados,
elas mesmas viram foco de filmes sobre o 11 de Setembro.
Entre os seriados, para quem
gosta de Nova York, nada melhor do que "Law & Order", ou
seu filhote "Special Victims
Unit". É sempre em algum endereço da cidade que a trama
tem início: Union Square, Prospect Park, a Colúmbia, os parques, o Harlem, Upper West ou
Upper East, as torres gêmeas,
quando ainda existiam. O seriado diz que trata do crime e da
justiça, mas seu assunto mesmo é a cidade. A cidade por definição: Nova York.
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