São Paulo, quinta-feira, 03 de setembro de 2009

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ANÁLISE

NY é uma cidade à procura de um roteiro

MARCO CHIARETTI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Aquilo que costumamos chamar de Nova York, de verdade nem existe: é um cenário de filme, dividido em quatro partes: Manhattan, Bronx, Queens, Brooklyn (Staten Island aparece pouco). Uma cidade à procura de um roteiro. Como há muito diretor e roteirista nova-iorquino, ou radicado lá, fica fácil.
Comecemos por Manhattan, até porque quem teve a oportunidade de viver por lá sabe que dificilmente um filme conseguiu capturar mais a atmosfera da metrópole que Woody Allen congelou em sua espécie de autobiografia fílmica.
Em cena, dezenas de paisagens da cidade, mas uma em particular é inesquecível: o skyline da ilha, visto do "promenade" no Brooklyn, de dia e à noite, na abertura ou no encontro dos dois personagens.
Um personagem menos sutil também gostou de Nova York: King Kong refugiou-se no Empire State (e uma vez no topo das torres gêmeas do World Trade Center). Caiu lá do alto, mas na calçada não há marcas.
O prédio, aliás, é cenário de vários filmes de amor e de alguns filmes-catástrofe. Seu topo é um dos alvos dos alienígenas malvados de "Independence Day". Não sobra nada.
Filmes-catástrofe têm especial atração pela Big Apple. Em "Armageddon", meteoritos arrancam um pedaço das torres e na passagem destroem a cúpula do Chrysler Building (o que não deveria ser permitido, em nome da arquitetura).
Em "Impacto Profundo", a onda colossal formada por um pedaço do cometa arranca a cabeça da Estátua da Liberdade e a deixa boiando pela Quinta Avenida (neste filme, aliás, uma onda mata um velhinho sentado na Washington Square, mas ela vem rugindo do lado errado, pelo lado Norte da ilha).
Em "Um dia Depois de Amanhã", a Biblioteca Municipal é a última morada dos jovens heróis, que sobrevivem queimando livros e livros de direito tributário. E os que não acreditam nos livros como fonte de vida morrem de frio embaixo das passagens do Prospect Park.
Godzilla se refugia no Madison Square Garden e no metrô, não depois de arrancar fachadas de prédios e destruir várias pontes. Em "Limite de Segurança", o presidente norte-americano manda jogarem uma bomba de hidrogênio em Times Square, para evitar o apocalipse. Jogam.
E no pós-apocalíptico "Fuga de Nova York", de John Carpenter, as torres gêmeas servem de pista de pouso para planadores. Depois dos atentados, elas mesmas viram foco de filmes sobre o 11 de Setembro.
Entre os seriados, para quem gosta de Nova York, nada melhor do que "Law & Order", ou seu filhote "Special Victims Unit". É sempre em algum endereço da cidade que a trama tem início: Union Square, Prospect Park, a Colúmbia, os parques, o Harlem, Upper West ou Upper East, as torres gêmeas, quando ainda existiam. O seriado diz que trata do crime e da justiça, mas seu assunto mesmo é a cidade. A cidade por definição: Nova York.


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