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NOVA YORK ACESSÍVEL
Memória cinéfila está no DNA e no cenário nova-iorquinos
Os cineastas Woody Allen, Martin Scorsese e Spike Lee estão completamente em casa na Big Apple
JAIME BORQUEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A memória cinéfila toma de
assalto até de quem bota os pés
pela primeira vez na Big Apple.
Já no desembarque, no aeroporto JFK, a sensação é de que
já vimos esse filme. E essa impressão continua quando caminhamos pelas ruas e parques,
vemos as pontes sobre o rio
Hudson e os prédios. O metrô e
os táxis Yellow Cab também estão nesse filme imaginário.
Quando, no dia 11 de setembro de 2001, a irracionalidade
dos atentados terroristas solapou os prédios do World Trade
Center e apagou milhares de vidas, desapareceu também o cenário de dezenas de longas-metragens -"O Homem Aranha",
de Sam Raimi, em produção, teve que refazer cenas em onde
apareciam as torres gêmeas.
Percorrer Manhattan com o
iPod cheio de músicas inspiradas na cidade mostra que, além
das alusões ao cinema, Nova
York tem trilha musical. A frase
"New York, você é o cenário de
todos esses filmes", cantada no
show de Simon & Garfunkel no
Central Park em 1981, quando a
dupla se reencontrou, não poderia ser mais direta. A canção
não é deles, e sim de Benny Gallagher e Graham Lyle. Mas na
voz de Art Garfunkel, ela toma
contornos de Big Apple.
Todo dia há, em diferentes
pontos da metrópole que nunca dorme -como Frank Sinatra
(1915-1998) trombeteou numa
de suas mais famosas canções
-alguma produção rodando algum filme, seja longa, média ou
curta metragem, filmes publicitários e vídeo-clips.
Nasce um cenário
Ícone da vida nova-iorquina,
o Subway, codinome do metrô,
foi aberto em 1904 e transporta
diariamente 5 milhões de passageiros -e você, certamente,
deve tê-lo visto em mais de uma
cena de cinema. Aliás, o primeiro filme feito no sistema do
NYC Transit teve como autor o
inventor Thomas A. Edison
(1847-1931), isso já em1904.
A câmara foi montada na
frente de um carro do metrô e
percorreu a linha da Lexington
Avenue. A filmagem não tem
som nem enredo, mas ali nasceu uma tradição, ou melhor
dizendo, uma paixão literalmente cinematográfica.
Na Freebase (www.freebase.com), uma das tantas páginas da Internet dedicadas a filmes que têm Nova York como
locação, há 600 verbetes.
A força cênica da metrópole
ganhou contornos maliciosos
quando as pernas da Marilyn
Monroe aparecem em "O Pecado Mora ao Lado" (1955), de
Billy Wilder, graças a seu esvoaçante vestido branco -e a
um providencial golpe de vento
vindo de um respiro do metrô.
Macabro e surpreendente,
"O Bebê de Rosemary" (1968),
de Roman Polanski, foi rodado
no prédio Dakota, o mesmo onde morou e morreu, assassinado na calçada, o beatle John
Lennon (1940-1980).
Woody Allen, um nova-iorquino de carteirinha, fez ali diversas de suas obras-primas,
com destaque para "Manhattan" (1979), retrato -em preto
e branco- de uma Nova York
lírica e romântica que, emoldurada pela ponte Queensboro,
conta a história de Isaac Davis
(Allen), personagem de meia-idade que se apaixona por uma
menina de 17 anos chamada
Tracy (Mariel Hemingway).
Já a ponte do Brooklyn aparece em "Mais e Melhores
Blues", filme de Spike Lee, outro cineasta nova-iorquino.
Martin Scorsese, também
nativo, ambientou na metrópole filmes violentos e vibrantes
que, apenas lançados, viraram
clássicos, caso de "Taxi Driver"
(1976) e "Goodfellas" (1990).
E há "The Sex and The City",
série televisiva edulcorada que
virou filme de Michael Patrick
King, em 2008, mostrando a relação íntima de quatro amigas
em Nova York -a mais conhecida delas é representada pela
atriz Sarah Jessica Parker.
Colaborou Silvio Cioffi, editor de Turismo
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