São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2001 |
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TERRA DE LAGOAS Estado rico em rios que deságuam no mar contrasta cordialidade do povo com problemas sociais Doce e salgado se encontram em Alagoas
CAROL FREDERICO ENVIADA ESPECIAL A ALAGOAS O mundo é médio. A química exata entre suas imperfeições e maravilhas faz de alguns lugares uma pintura ao mesmo tempo extremamente agradável aos olhos e dura à alma. Pelo menos em Alagoas é assim. Marcada pelos inúmeros encontros dos seus rios com o mar, Alagoas tem, no doce-salgado de suas águas salobras, também uma série de contrastes. Do bafo quente que se sente ao descer no pequeno aeroporto ao frio na barriga da decolagem na hora da partida, é assim: o belo e o sofrível convivendo lado a lado. No verão, a previsão do tempo é quase sempre boa, pode apostar. "Tudo blue", como os locais gostam de dizer. No inverno, chuva, mas sem frio exagerado; nada que uma coberta fina não resolva. A caminho do trabalho, praia, e calor com brisa à noite. No Estado em que, segundo dados do IBGE de 1999, quase um terço da população (32,8%) com mais de 15 anos é analfabeta, parece que todos são felizes. Praticamente não há violência e às três da manhã as ruas estão vazias. "A essa hora os policiais devem estar todos dormindo", brinca um morador. Ali, os acidentes de carro terminam num cordial aperto de mão, mesmo que a desculpa do motorista culpado seja: "Mas a senhora está vendo que eu estou distraído". Divertida em vários aspectos, Alagoas tem um dos céus mais incríveis do planeta. As estrelas, porém, perdem um pouco do brilho no Estado que, também em 99, registrou um dos maiores índices de mortalidade infantil do país -66,1 mortes para cada mil nascimentos. Basta saber olhar para que os contrastes se evidenciem. Terra de Graciliano Ramos, a mesma cidade que, dizem, "é três mulher para um homem só" "condenou" um de seus maiores artistas, Djavan, a não ver sua terra mãe, já que ele tinha de viver do que cantasse. Não podia ser artista e viver em Alagoas. Origem Alagoas, de alagoa, é derivado dos numerosos lagos que se comunicam uns com os outros e também com os diversos rios que banham a região. Maceió, do indígena "maçai-o-ki", é "aquilo que tampa o alagadiço". Entre o céu e o mar está Alagoas. O mundo é médio, às vezes triste, quase sempre improvável. Mas ver as várias estrelas cadentes caindo sobre os prédios de Maceió é maravilhoso. São muitas, uma para cada pedido. Carol Frederico e Georges Bourdoukan viajaram a convite da Secretaria de Estado do Turismo e Esportes e do Venta Club Hotel Pratagy Texto Anterior: Alagoas: Região desvenda histórias Próximo Texto: Mar alagoano é verde do norte ao sul Índice |
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