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EUROPA NOS TRILHOS
Chefs renomados, como os da família Troigros, e Paul Bocuse, criador da "nouvelle cuisine", são da região
Capital da culinária francesa, Lyon é rica também em cultura
DO ENVIADO ESPECIAL
O parisiense se morde só de
pensar: Lyon, com 1,5 milhão
de habitantes -400 mil deles
vivendo na área central-, é nada menos do que "a capital gastronômica da França".
São da região, entre outros
chefs estrelados, a família Troigros; Paul Bocuse, o fundador
da "nouvelle cuisine"; e ultracontemporâneos como Nicolas
Le Bec e Anne-Sophie Pic.
No planejamento básico de
uma viagem de trem, onde se
deve ter em mente o que há para ver na cidade escolhida,
quantos dias ela merece de estada e as rotas panorâmicas que
o entorno desvela, um roteiro
sensato reserva pelo menos
três noites para Lyon.
Essa metrópole essencialmente francesa é a capital da
região turística do Rhône-Alpes e fica pertinho dos campos
onde, ao norte, são produzidos
os vinhos Beaujolais.
Na dúvida, cheque os principais sites que remetem a Lyon
-www.lyon-france.com;
www.franceguide.com; e
www.monweekendalyon.com.
Ancestral, banhada por dois
grandes rios, o Ródano e o Saône, que correm paralelos e limpos por ali, sede de importantes universidades, escolas de
teatro e dança, Lyon fica há
duas horas de trem de Paris.
Sinais dos tempos
Tombados pelo Unesco e heranças da época romana, dois
anfiteatros do tempo em que
Lyon era Lugdunum, a capital
provincial da Gália, ficam na
margem esquerda do Saône.
Inicialmente os gauleses resistiram à ocupação romana,
mas é bom lembrar que os imperadores Cláudio e Caracalla
nasceram na cidade num tempo em que as quatro estradas da
Gália para ali convergiam.
Ao lado dos teatros há um
museu, aberto em 1975, que explica a era romana e está imbricado com a região urbana medieval, chamada Le Vieux Lyon.
Outra área mais clássica fica
no entorno da prefeitura (Hôtel de Ville). Ela tem prédios românticos e uma ópera que faz
barulho, dirigida por Jean Nouvel com anexo superior de arquitetura pós-moderna.
Cobiçada
Voltando à parte medieval,
ela tem hotéis modernos como
o Cour des Loges (www.sibuethotels-spa.com), num prédio
do século 14. Fica a poucos passos da catedral gótica St. Jean,
em cuja fachada, edificada entre os séculos 12 e 15, a falta de
estátuas remete a ataques de
protestantes em 1562.
Estratégica, Lyon também
sofreu invasão do exército
prussiano em 1870. A região da
rua St. Jean, a principal do
bairro antigo, é pontilhada por
restaurantes que servem comidas quase medievais: à base de
porco e batata, embutidos recheados de sangue e tripas que
remetem à nossa dobradinha e
ao pé da vitela.
Mas Lyon tem 1.800 restaurantes onde glutões menos radicais apreciam em bistrôs delícias regionais como omelete
com as trufas do Tricastin e galinha gorda à moda de Bresse.
Depois, para digerir a refeição, a dica é o passeio no trenzinho turístico do Le Vieux
Lyon, o Fouvière, um funicular
dos anos 1950 em St. Just que
sobe o morro até a basílica de
Nossa Senhora Fouvière.
O prédio eclético tem gosto
algo duvidoso (mistura os estilos bizantino, românico e art
nouveau), foi obra de Pierre
Bossan e Marie Perrin no século 19, mas descortina a mais bela vista panorâmica da cidade.
Arte, cultura e política
Se você ainda não está convencido a colocar Lyon no seu
roteiro de trem pela França,
saiba que 6 milhões de turistas
a visitam todos os anos. Culturalmente, é onde nasceram o
teatro Grand Guignol (amisdeguignol.free.fr e www.museetheatrreguignol.fr) e o cinema dos irmãos Lumière
(www.insitut-lumière.org).
Os museus Gadagne
(www.gadagne.musees.lyon.fr), cujo nome alude à
uma antiga família de banqueiros italianos, mostram como
era a vida na época dos gauleses e durante o Renascimento.
Mas a história não para aí e,
nos séculos 17 e 18, Lyon fiava e
tecia a seda -grandes janelas
onde ficavam os teares identificam casas que pertenceram a
esses artesãos.
Na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), Jean Moulin, herói da resistência contra o nazismo, se escondeu no bairro
Le Vieux Lyon. As 500 passagens (traboules) que devem tê-lo ajudado a se esconder, que
são corredores fechados em
meio ao casario, têm portas
que são abertas das 9h às 19h.
(SILVIO CIOFFI)
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