São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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EUROPA NOS TRILHOS
Chefs renomados, como os da família Troigros, e Paul Bocuse, criador da "nouvelle cuisine", são da região

Capital da culinária francesa, Lyon é rica também em cultura

DO ENVIADO ESPECIAL

O parisiense se morde só de pensar: Lyon, com 1,5 milhão de habitantes -400 mil deles vivendo na área central-, é nada menos do que "a capital gastronômica da França".
São da região, entre outros chefs estrelados, a família Troigros; Paul Bocuse, o fundador da "nouvelle cuisine"; e ultracontemporâneos como Nicolas Le Bec e Anne-Sophie Pic.
No planejamento básico de uma viagem de trem, onde se deve ter em mente o que há para ver na cidade escolhida, quantos dias ela merece de estada e as rotas panorâmicas que o entorno desvela, um roteiro sensato reserva pelo menos três noites para Lyon.
Essa metrópole essencialmente francesa é a capital da região turística do Rhône-Alpes e fica pertinho dos campos onde, ao norte, são produzidos os vinhos Beaujolais.
Na dúvida, cheque os principais sites que remetem a Lyon -www.lyon-france.com; www.franceguide.com; e www.monweekendalyon.com.
Ancestral, banhada por dois grandes rios, o Ródano e o Saône, que correm paralelos e limpos por ali, sede de importantes universidades, escolas de teatro e dança, Lyon fica há duas horas de trem de Paris.

Sinais dos tempos
Tombados pelo Unesco e heranças da época romana, dois anfiteatros do tempo em que Lyon era Lugdunum, a capital provincial da Gália, ficam na margem esquerda do Saône.
Inicialmente os gauleses resistiram à ocupação romana, mas é bom lembrar que os imperadores Cláudio e Caracalla nasceram na cidade num tempo em que as quatro estradas da Gália para ali convergiam.
Ao lado dos teatros há um museu, aberto em 1975, que explica a era romana e está imbricado com a região urbana medieval, chamada Le Vieux Lyon.
Outra área mais clássica fica no entorno da prefeitura (Hôtel de Ville). Ela tem prédios românticos e uma ópera que faz barulho, dirigida por Jean Nouvel com anexo superior de arquitetura pós-moderna.

Cobiçada
Voltando à parte medieval, ela tem hotéis modernos como o Cour des Loges (www.sibuethotels-spa.com), num prédio do século 14. Fica a poucos passos da catedral gótica St. Jean, em cuja fachada, edificada entre os séculos 12 e 15, a falta de estátuas remete a ataques de protestantes em 1562.
Estratégica, Lyon também sofreu invasão do exército prussiano em 1870. A região da rua St. Jean, a principal do bairro antigo, é pontilhada por restaurantes que servem comidas quase medievais: à base de porco e batata, embutidos recheados de sangue e tripas que remetem à nossa dobradinha e ao pé da vitela.
Mas Lyon tem 1.800 restaurantes onde glutões menos radicais apreciam em bistrôs delícias regionais como omelete com as trufas do Tricastin e galinha gorda à moda de Bresse.
Depois, para digerir a refeição, a dica é o passeio no trenzinho turístico do Le Vieux Lyon, o Fouvière, um funicular dos anos 1950 em St. Just que sobe o morro até a basílica de Nossa Senhora Fouvière.
O prédio eclético tem gosto algo duvidoso (mistura os estilos bizantino, românico e art nouveau), foi obra de Pierre Bossan e Marie Perrin no século 19, mas descortina a mais bela vista panorâmica da cidade.

Arte, cultura e política
Se você ainda não está convencido a colocar Lyon no seu roteiro de trem pela França, saiba que 6 milhões de turistas a visitam todos os anos. Culturalmente, é onde nasceram o teatro Grand Guignol (amisdeguignol.free.fr e www.museetheatrreguignol.fr) e o cinema dos irmãos Lumière (www.insitut-lumière.org).
Os museus Gadagne (www.gadagne.musees.lyon.fr), cujo nome alude à uma antiga família de banqueiros italianos, mostram como era a vida na época dos gauleses e durante o Renascimento.
Mas a história não para aí e, nos séculos 17 e 18, Lyon fiava e tecia a seda -grandes janelas onde ficavam os teares identificam casas que pertenceram a esses artesãos.
Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Jean Moulin, herói da resistência contra o nazismo, se escondeu no bairro Le Vieux Lyon. As 500 passagens (traboules) que devem tê-lo ajudado a se esconder, que são corredores fechados em meio ao casario, têm portas que são abertas das 9h às 19h.
(SILVIO CIOFFI)


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