São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2010

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TURISMO EQUESTRE PELO MUNDO
Eles dizem que vão lutar para conseguir permissão para cavalgar em unidades de conservação ambiental

Cavaleiros querem ir a parque nacional

DA ENVIADA ESPECIAL A MOCOCA

O turismo equestre está crescendo no Brasil, de acordo com Paulo Junqueira, presidente da Associação Brasileira de Turismo Equestre e proprietário da agência Cavalgadas Brasil. E uma das discussões que estão na pauta da associação no momento é a entrada de cavalgadas em parques nacionais.
Segundo Ricardo Araújo, coordenador-geral substituto de visitação e negócios do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão do governo federal, não há nenhuma lei que proíba os passeios a cavalo nos parques nacionais, mas sim um "direcionamento técnico que tem sido feito ao longo dos anos que recomenda a proibição".
"Pode na Europa, pode nos Estados Unidos, só aqui que não pode", afirma o cavaleiro Carlos Oscar Niemeyer, um dos responsáveis por levar o debate aos órgãos públicos.
"Queremos achar uma forma de isso acontecer aqui no Brasil, e que seja feito com todo o cuidado para a preservação", afirma o cavaleiro. Ele acredita que as cavalgadas nos parques nacionais, além de gerarem renda para os parques, seriam educativas. "Se você permitesse que grupos responsáveis e idôneos programassem passeios a cavalo dentro de um parque, e que fossem criadas regras para que isso ocorresse sem dano à essa área de preservação, seria fantástico. Porque você criaria uma nova fonte de renda para o próprio parque e educaria os visitantes."
De acordo com Araújo, do ICMBio, a questão é complicada. "Há o problema da transmissão, porque o cavalo pode ser um vetor de transmissão de doenças para os animais selvagens." Ele diz que só seria possível cavalgadas dentro dessas unidades de conservação com cavalos criados propriamente para essa finalidade. "Teriam de ser animais que não poderiam estar andando no entorno dos parques, onde há criação de gado, para que não houvesse transmissão de doenças para os animais silvestres que estamos tentando proteger", diz.
Outra questão apontada por ele é a do pisoteio do animal. "Quando o cavalo anda, o pisoteio dele é muito intenso e bastante danoso, o que degrada a trilha", diz. Degrada, de acordo com Araújo, porque a terra fica compactada onde o cavalo pisa, e fica impermeabilizada. Com a impermeabilização, a água não infiltra e escorre pelo solo. "Aí a trilha vira uma voçoroca", afirma Araújo.
"Então, tem de haver uma série de medidas de contenção para diminuir possíveis impactos nas trilhas. Teríamos de ter trilhas adaptadas e com manutenção especial, além de um estudo dizendo que ali não vai ter erosão", diz.
"Hoje a nossa luta é prover trilhas boas para os nossos visitantes. Há um grupo discutindo a questão do cavalo, mas não há nenhuma definição. Tem de ver realmente se é uma prática que vale a pena", afirma Araújo. "A ideia é deixar para os parques nacionais para as pessoas, e aí deixar as zonas de entorno para as cavalgadas", diz.
De acordo com ele, as cavalgadas são permitidas nas zonas em volta dos parques nacionais, áreas que são preparadas para isso.
(LUISA ALCANTARA E SILVA)


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