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DUNAS E AZULEJOS
Casarões do século 18 e corredor de bares estimulam visitante a se comportar como ludovicense
São Luís enfeixa elevadas doses de ares portugueses
DO ENVIADO ESPECIAL AO MARANHÃO
A capital do reggae e do boi-bumbá foi fundada pelos franceses, mas é a mais portuguesa das
capitais brasileiras. As cerca de
870 mil pessoas que vivem ali se
orgulham de ter um dos mais representativos acervos da arquitetura colonial portuguesa do país.
Azulejos enfeitam 3.500 casarões
tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional.
O Projeto Reviver, que ganhou
força nos anos 90, recuperou mais
de 300 casarões e sobrados, a
maioria erguida a partir da segunda metade do século 18.
A moda dos azulejos veio para
adaptar as construções a uma das
marcas do Estado: o sol abrasador. O material reflete a luz e diminui o calor nas casas. Por lá,
qualquer casa que não seja adaptada corre o risco de se transformar em um impiedoso forno.
A melhor maneira de conhecer
a cidade é usar dos mesmos expedientes de que se valiam os ludovicenses -nativos de São Luís-
que ali habitavam há mais de século e meio: caminhar a pé.
Não se iluda com a brisa fresca
que sopra do mar: o sol já está forte às 8h e fica assim até pouco antes de se pôr, por volta das 18h.
O Palácio dos Leões, atual sede
do governo, é o ponto de partida
do passeio. Foi construído em
1766 sobre uma antiga fortaleza
francesa. A fundação do antigo
forte, toda em pedra, existe até
hoje e serve de base para o palacete neoclássico. Nos salões, abertos
à visitação, chamam a atenção os
lustres de cristal e o mobiliário.
Tudo francês. Apenas uma sala de
jantar e os jardins reservados têm
móveis portugueses.
Descendo a colina que abriga o
palácio está a parte mais nova do
Projeto Reviver, entre as ruas do
Trapiche, Cândido Mendes e da
Alfândega. Esse é o bairro de
Praia Grande, coração do centro
histórico. Ao longo da Cândido
Mendes há bares e restaurantes
que ficam abertos todos os dias
até tarde, ideais para quem quer
se divertir como um ludovicense.
Às quintas-feiras, a pedida é o
beco Catarina Mina, batizado em
homenagem à escrava alforriada
que, protegida dos figurões, comprava liberdade de outros negros
com o dinheiro de seus amantes.
Nos bares do beco, o ritmo é o
reggae, que chegou à cidade nos
anos 70 por acaso: difundido por
rádios de ondas curtas, o som jamaicano era captado em São Luís
e caiu no gosto popular.
(RAFAEL ALVES PEREIRA)
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