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Casas mostram como era o dia-a-dia do bardo
DA ENVIADA ESPECIAL
Todo turista que se preze ou,
pelo menos, os amantes de Shakespeare não podem deixar de visitar suas cinco casas em Stratford-upon-Avon. Elas revelam diferentes aspectos do cotidiano e
da família do dramaturgo.
Ainda que tenha vivido muitos
anos em Londres, onde conheceu
o sucesso, foi em Stratford que o
filho de John Shakespeare, analfabeto que chegou a prefeito da cidade, foi educado. Foi lá também
que o poeta assistiu às encenações
de suas primeiras peças de teatro,
casou-se, aposentou-se e morreu.
A principal casa a ser visitada é
aquela onde se acredita que ele tenha nascido. O mobiliário e todas
as peças, incluindo acessórios como o berço do bardo e a manta da
cama dos pais, são inspirados no
que se conhece das casas dos artesãos e comerciantes do século 16.
Foi para essa casa que William,
aos 19 anos de idade e sem emprego fixo, teria levado a mulher para
morar, conforme conta Anthony
Holden, escritor best-seller e jornalista premiado, cuja biografia
de Shakespeare (280 págs., R$ 32,
Ediouro) acaba de ser lançada no
Brasil.
Aliás, "teria ele caído na armadilha de um casamento forçado,
com uma mulher oito anos mais
velha? Ou teria sido amor?", questiona Holden a respeito da união
de Shakespeare com Anne Hathaway. A moça tinha a idade da mãe
da protagonista de "Romeu e Julieta", que, na peça, já se mostra
impaciente por netos, lembra o
biógrafo.
Anne Hathaway engravidou do
jovem William, que foi intimado
pelos amigos do sogro, já morto, a
se comportar direito com a moça.
Outro endereço que deve figurar no roteiro das casas de Shakespeare é a fazenda dela, a 1,5 km
a oeste de Stratford, em Shottery.
A dez minutos dali, também no
campo, em Wilmcote, fica a terceira das residências shakespeareanas de Stratford: a bela propriedade da mãe do dramaturgo,
Mary Arden. Em testamento, seu
pai colocou a caçula de suas oito
filhas como a única herdeira do
imóvel. A história até dá a entender que, como o personagem de
"Rei Lear" (1606), a filha mais nova tenha sido a preferida.
A cozinha, a leiteria, os quartos
e o salão são decorados com mobiliários dos séculos 16 e 17. Há
charretes típicas, jardim de ervas,
galpão reservado à fabricação de
cidra e até espécies de animais
que eram mais comuns na época.
Talvez os melhores momentos
da visita à fazenda -e os menos
divulgados- sejam o curso de
falcoaria e as apresentações interativas. O show é dado por um falcão ou uma coruja, que buscam o
alimento (em geral uma perna de
rato) na mão do instrutor ou na
do visitante, protegida por uma
luva. Sucesso entre crianças e
adultos, a brincadeira é gratuita.
Já o curso de falcoaria custa 60 libras (adultos) e 45 libras (crianças) e tem duração de meio dia,
com direito a certificado.
E o que pode parecer exagero
-conhecer a casa do genro do
autor- acaba sendo uma grata
surpresa. Halls Croft, como é chamada a residência do médico
John Hall, marido da filha mais
velha de Shakespeare, Suzanna, é
uma das mais belas representantes da arquitetura Tudor. O estilo,
marcado por largas vigas de madeira aparentes que deixam a fachada das casas quadriculadas,
domina a paisagem da cidade.
A casa do doutor Hall expõe objetos médicos da época, como as
jarras de louça inglesa usadas para preparar os unguentos do médico. Ele era mais do que genro do
bardo. Patenteou medicamentos
diversos e foi um dos mais respeitados médicos da região.
A quinta e última casa shakespeareana é a New Place, onde o
poeta morreu, em 1616, e que, na
verdade, nem existe mais. Sobraram as fundações, preservadas
num extenso jardim em estilo elisabetano. A casa vizinha pertencia ao primeiro marido da filha
mais nova de Shakespeare, Elizabeth, que abriga um pequeno museu da cidade.
(BK)
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