UOL


São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Casas mostram como era o dia-a-dia do bardo

DA ENVIADA ESPECIAL

Todo turista que se preze ou, pelo menos, os amantes de Shakespeare não podem deixar de visitar suas cinco casas em Stratford-upon-Avon. Elas revelam diferentes aspectos do cotidiano e da família do dramaturgo.
Ainda que tenha vivido muitos anos em Londres, onde conheceu o sucesso, foi em Stratford que o filho de John Shakespeare, analfabeto que chegou a prefeito da cidade, foi educado. Foi lá também que o poeta assistiu às encenações de suas primeiras peças de teatro, casou-se, aposentou-se e morreu.
A principal casa a ser visitada é aquela onde se acredita que ele tenha nascido. O mobiliário e todas as peças, incluindo acessórios como o berço do bardo e a manta da cama dos pais, são inspirados no que se conhece das casas dos artesãos e comerciantes do século 16.
Foi para essa casa que William, aos 19 anos de idade e sem emprego fixo, teria levado a mulher para morar, conforme conta Anthony Holden, escritor best-seller e jornalista premiado, cuja biografia de Shakespeare (280 págs., R$ 32, Ediouro) acaba de ser lançada no Brasil.
Aliás, "teria ele caído na armadilha de um casamento forçado, com uma mulher oito anos mais velha? Ou teria sido amor?", questiona Holden a respeito da união de Shakespeare com Anne Hathaway. A moça tinha a idade da mãe da protagonista de "Romeu e Julieta", que, na peça, já se mostra impaciente por netos, lembra o biógrafo.
Anne Hathaway engravidou do jovem William, que foi intimado pelos amigos do sogro, já morto, a se comportar direito com a moça.
Outro endereço que deve figurar no roteiro das casas de Shakespeare é a fazenda dela, a 1,5 km a oeste de Stratford, em Shottery.
A dez minutos dali, também no campo, em Wilmcote, fica a terceira das residências shakespeareanas de Stratford: a bela propriedade da mãe do dramaturgo, Mary Arden. Em testamento, seu pai colocou a caçula de suas oito filhas como a única herdeira do imóvel. A história até dá a entender que, como o personagem de "Rei Lear" (1606), a filha mais nova tenha sido a preferida.
A cozinha, a leiteria, os quartos e o salão são decorados com mobiliários dos séculos 16 e 17. Há charretes típicas, jardim de ervas, galpão reservado à fabricação de cidra e até espécies de animais que eram mais comuns na época.
Talvez os melhores momentos da visita à fazenda -e os menos divulgados- sejam o curso de falcoaria e as apresentações interativas. O show é dado por um falcão ou uma coruja, que buscam o alimento (em geral uma perna de rato) na mão do instrutor ou na do visitante, protegida por uma luva. Sucesso entre crianças e adultos, a brincadeira é gratuita. Já o curso de falcoaria custa 60 libras (adultos) e 45 libras (crianças) e tem duração de meio dia, com direito a certificado.
E o que pode parecer exagero -conhecer a casa do genro do autor- acaba sendo uma grata surpresa. Halls Croft, como é chamada a residência do médico John Hall, marido da filha mais velha de Shakespeare, Suzanna, é uma das mais belas representantes da arquitetura Tudor. O estilo, marcado por largas vigas de madeira aparentes que deixam a fachada das casas quadriculadas, domina a paisagem da cidade.
A casa do doutor Hall expõe objetos médicos da época, como as jarras de louça inglesa usadas para preparar os unguentos do médico. Ele era mais do que genro do bardo. Patenteou medicamentos diversos e foi um dos mais respeitados médicos da região.
A quinta e última casa shakespeareana é a New Place, onde o poeta morreu, em 1616, e que, na verdade, nem existe mais. Sobraram as fundações, preservadas num extenso jardim em estilo elisabetano. A casa vizinha pertencia ao primeiro marido da filha mais nova de Shakespeare, Elizabeth, que abriga um pequeno museu da cidade. (BK)


Texto Anterior: Relaxe em pub ou na Holy Trinity
Próximo Texto: Reino Unido abre iate real a seus plebeus
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.