São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2011

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Turismo egípcio permanece em baixa

Fim das manifestações não trouxe visitantes de volta ao país e, agora, crise financeira ronda o setor turístico

Comerciantes afirmam que turistas sumiram, enquanto hotéis dizem que a taxa de ocupação aumentou em abril

DA REUTERS

O empregado de hotel Meena George ficou feliz quando uma revolta popular derrubou o ex-ditador egípcio, Hosny Mubarak. Mas, desde então, os turistas pararam de chegar, e sua alegria deu lugar ao desespero.
Ele foi demitido do resort onde trabalhava, em Sharm el Sheikh, e precisa emprestar mais e mais dinheiro de seus amigos para sobreviver. "A revolução é boa, mas dolorosa", diz George, 33. "Muitos dos meus amigos estão em uma fase difícil por causa das demissões, e porque o movimento está fraco."
Das pirâmides de Gizé aos resorts do mar Vermelho, os números de turistas despencaram, um golpe devastador nos milhões de egípcios que dependem dos cerca de 14 milhões de visitantes que o país recebia para viver.
No calor das revoltas que derrubaram Mubarak, embaixadas emitiram avisos para viajantes e muitos grupos de turistas cancelaram suas viagens, deixando em crise uma indústria que é uma das principais fontes de moeda estrangeira do país.
Dois meses depois, o caos foi largamente controlado, os policiais que deixaram seus postos durante os protestos voltaram ao trabalho e os avisos sobre viagens foram suavizados. Mas os turistas ainda não voltaram, e o Ministério do Turismo egípcio prevê que os ganhos do setor em 2011 serão 25% menor que nos outros anos.
"Eu mal me recordo de um único turista entrando em minha loja recentemente", diz Omar Mohamed Saed, 59, dono de uma loja que vende peças de cobre em Khan el Khalili, o maior bazar no Cairo islâmico. "A revolta nos matou", completou.
Saed já estava com dificuldades antes, pois o número de visitantes estrangeiros caiu graças à crise econômica global. Ele diz que o máximo que ganhou em um dia desde os protestos foi mil libras egípcias (US$ 168). Ele reduziu a jornada dos empregados para poder pagá-los.
Quatro famílias vivem da renda da loja de suvenires de Ahmad Salamah no Cairo. Ele diz que luta para alimentar sua mulher e seus três filhos com sua agora escassa renda. "Eu não vendo nada desde que a revolução começou. Eu sento o dia todo na loja assistindo à TV", diz.
Nas pirâmides de Gizé, a atração mais popular do país e destino obrigatório para visitantes no Cairo, nenhum turista ocidental podia ser visto em um dia de semana em abril, um dos meses mais importantes do ano no quesito chegada de visitantes.
Com poucos fregueses em potencial, os vendedores de rua e guias autônomos que ficam em torno das principais atrações turísticas do país parecem ter adotado táticas mais agressivas.
Um grupo de alemães e franceses visitando as pirâmides disse que a polícia apenas olhava enquanto um grupo os seguia competindo por atenção. "Um deles enfiou uma latinha de refrigerante aberta na minha mão e exigiu pagamento", contou o turista alemão Alex.
Enquanto o verão se aproxima, autoridades do turismo esperam que o setor reaja em setembro. Mas isso depende de como estará a segurança, segundo o brigadeiro Mohammad al Mogati, assistente da Liga Árabe para segurança no turismo.
A turbulência política terminou, mas alguns veículos do Exército ainda podem ser vistos em algumas ruas, e as embaixadas agora avisam visitantes estrangeiros sobre o aumento de furtos, roubos e estelionato.
Apesar das notícias desencorajadoras, Hala el Khatib, secretária geral da Associação de Hotéis Egípcia, afirma que a ocupação dos hotéis esteve apenas 15% menor em abril na comparação com o mesmo período no ano passado. De acordo com ela, em Sharm el-Sheik o número subiu para 32% em abril, depois de amargar 11% após o início dos protestos.


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